O Observatório da LGBTfobia no Futebol, uma iniciativa do coletivo de torcidas Canarinhos LGBTQ+, divulgou recentemente o Anuário 2024, que revela dados alarmantes sobre a discriminação homofóbica no futebol brasileiro. No ano de 2023, foram registrados 78 casos de homofobia, racismo e xenofobia nos estádios e nas redes sociais, com oito ocorrências provenientes de torcidas cearenses, representando 10% do total. Esse número é um aumento significativo em relação a 2022, quando apenas três casos foram documentados no estado.
Os episódios de discriminação foram predominantemente manifestados através de cânticos homofóbicos nas arquibancadas. Um caso notório envolveu Gabriel Lima, um influenciador digital e torcedor do Ceará, que sofreu ataques online após publicar um vídeo celebrando a vitória de seu time. No caso do Fortaleza, todos os episódios reportados estiveram ligados a músicas ofensivas entoadas pela torcida organizada do clube.
Esse crescimento nos registros de discriminação não deve ser interpretado como um aumento real de casos, mas sim como uma maior conscientização e disposição para relatar esses incidentes. Onã Rudá, presidente da Canarinhos LGBT, destacou que a maioria dos atos de discriminação vem de torcidas organizadas, que representam tanto os autores quanto as vítimas dessas infrações.
Felizmente, o Anuário também aponta um aspecto positivo: tanto Ceará quanto Fortaleza têm utilizado suas plataformas digitais para se posicionar em datas importantes, como o Dia Internacional Contra a Homofobia e o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. Em 2022, o Ceará não se manifestou no Dia do Orgulho, mas em 2023, ambos os clubes mostraram apoio, sinalizando uma mudança de atitude que pode ser um passo importante na luta contra a homofobia no esporte.
Esse cenário reforça a necessidade de uma maior conscientização e ação por parte dos clubes e das torcidas para erradicar a homofobia no futebol. A união entre os clubes e a comunidade LGBTQIA+ é fundamental para promover um ambiente mais inclusivo e respeitoso nos estádios, onde todos possam se sentir seguros e bem-vindos. O aumento dos registros deve ser um chamado à ação para que todos os envolvidos no esporte se unam contra a discriminação e promovam a diversidade.