Foto: Laercio Luz
A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, APOGLBT-SP, está acusando a prefeitura de prejudicar, boicotar e tentar se apropriar da 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo.
Em uma postagem feita na fanpage oficial na noite da última quinta (9), a APOGLBT demonstra todo o descontentamento com o rumo que tomou a mais recente edição da Parada. "A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT-SP) informa que pela primeira vez, em 18 anos, foi prejudicada e preterida na organização das atividades do 18º Mês do Orgulho LGBT de São Paulo", diz o início da nota.
Entre outras acusações, a associação alega que a Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Políticas LGBT, não a incluiu em reuniões ou no processo de organização do evento. "Desde quando perdemos o nosso movimento social, construído com muita luta, suor e dedicação ao longo desses dezoito anos para o poder público?", questiona o comunicado.
Sobre a Feira Cultural LGBT e a Parada do Orgulho GLBT, a APOGLBT diz que a Prefeitura tentou encerrar, ambas, antes do horário proposto. "Tirem suas conclusões: às 21h do dia 1º de maio, em nossa Feira Cultural LGBT, os seguranças subiram ao palco pedindo para desligar o som do show (…) Todos os anos o show da Feira foi até as 22 horas".
"Já na manifestação pública de domingo, 4 de maio, a equipe contratada pela Prefeitura acelerou os nossos trios, como se fosse uma maratona! (…) Dezoito horas é o horário previsto pelo TAC desde 2007, ou seja, nenhuma novidade foi acrescentada no termo deste ano que pudesse justificar tal ação da Prefeitura".
A nota também menciona o show de encerramento que, de acordo com a APOLGBT, deveria terminar às 21h30, mas também enfentou problemas com a segurança que quis acabar com tudo às 21h, além de não permitir acesso a uma área VIP para os organizadores.
"Neste ano, que pese o voto de confiança no recém-chegado Coordenador Alessandro Melchior, pois é inadmissível que ele também seja tão ausente e tenha deixado um evento tão importante para a cidade de São Paulo e para a comunidade LGBT nas mãos de pessoas tão incompetentes", diz outro trecho.
Leia o comunicado na integra aqui
O outro lado: Coordenação de Políticas LGBT da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania rebate as acusações.
A prefeitura rebateu todas as acusações através de uma nota enviada pelo próprio Alessandro Mechior, coordernador da Coordenação de Políticas LGBT da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC). Ele negou que a APOLGBT não estivesse envolvida na organização da Parada.
"Para garantir o atendimento às demandas da APOGLBT, foram realizadas diversas reuniões presenciais, além dos contatos registrados por e-mail e uma reunião de produção no dia 24 de abril com a Assessoria de Eventos da SMDHC responsável direta por toda informação e orientação repassada às empresas contratadas. Essa reunião contou com a presença de produtores e diretores da APOGLBT", escreveu.
Sobre os horários, Melchior esclareceu que tanto a Feira LGBT, como a Parada e show de encerramento ultrapassaram o horário combinado. "O show de encerramento da Feira Cultural LGBT , ao contrário do alegado, foi encerrado às 22:15h, passando em quinze minutos do tempo de tolerância legal".
A nota ainda diz que "O horário de 18h, ao contrário do alegado, não é o horário para o encerramento da Parada ou desocupação da Av. Paulista", que deve estar lavada e pronta para uso às 18h e a aceleração dos trios se deu por "um atraso de 1h30 na saída dos trios, prevista para o meio-dia, por motivos não explicados pela APOGLBT". Tal atraso poderia inclusive gerar "penalidades à APOGLBT e ao evento em si".
Melchior disse ainda, através da nota, que não havia nenhuma área VIP para o show de encerramento da Parada, mas sim um espaço dedicado à pessoas com deficiência, idosos e pessoas com crianças de colo, além de ser possível comportar membros da imprensa e outros convidados nessa área.
Para ajustar os detalhes a Coordenação de Políticas LGBT alega ter enviado emails nos dias 15 e 29/04, ambos, de acordo com ele, sem resposta. "O bloqueio no fluxo do camarim após a chegada da cantora Wanessa não foi feito por seguranças da Prefeitura, mas pela própria equipe da artista, um das exigências em sua contratação que foi negociada diretamente pela APOGLBT".
"Por fim, informamos também que todos os registros formais citados se encontram na Coordenação de Políticas LGBT e estão disponíveis para consulta", encerra a nota de Melchior.