Depois do caso do sargento gay, Laci de Araújo, preso, segundo o Exército, por deserção e não por sua homossexualidade, outros casos de ex-militares que sofreram discriminação pelas Forças Armadas vêm à tona.
É o caso do ex-sargento do Exército Jarbas de Sousa Costa, 31, que em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, no último sábado (14/06), declarou ter sofrido pressões das Forças Armadas por ser gay e por isso deixou a corporação do Rio de Janeiro, em 2002.
"Fui obrigado pelo meu comando a pedir para sair do Exército pelo fato de eu ser gay", afirmou.
Na época em que servia, Costa se envolveu em um relacionamento com um marinheiro do Rio. O marinheiro passou então a ligar para o quartel se identificando como "namorado" do sargento.
Após uma briga, que gerou o fim do relacionamento, Costa foi acusado pelo marinheiro de agressão, o que resultou na abertura de uma sindicância.
"O foco principal era esse [de ser gay]. Mas, como eles estão fazendo com o Laci, mascaram uma coisa que na verdade é outra. Queriam me expulsar mesmo porque descobriram que eu era gay", disse Costa ao jornal.
Apesar de todos os contratempos, o soldado gostava de trabalhar no Exército, tanto que entrou com pedido de reintegração e reparação por danos morais.
"O major, na minha cara, falou que eu não tinha capacidade de vergar aquele uniforme verde-oliva. Que pena que eu não gravei nada disso," desabafou.
A reportagem da Folha de São Paulo procurou o Comando Militar do Exército que respondeu, por meio da assessoria, que a demissão de Costa teve "caráter voluntário" e que "não há nenhum registro sobre opção sexual (sic) nos arquivos existentes sobre o processo de desligamento do serviço ativo do ex-militar em questão"
Trabalhando agora no Bope (Batalhão Operacional de Polícias Especiais), em Natal, Costa afirma que a perseguição não existe mais.
"Na PM, isso é aceito com mais naturalidade", finalizou Costa.