Há cinco anos corria o boato da vinda do grupo inglês Radiohead, ora no Tim Festival ora em show solo e o boato nunca se tornava verdade. No fim do ano passado foi confirmado que o quinteto viria ao Brasil para se apresentar no Rio de Janeiro (20/03) e em São Paulo (22/03) no festival "Just a Fest". A espera valeu a pena, foram 2h20 de um show tenso e repleto de hits.
A Chácara do Jockey recebeu 30 mil pessoas. A impressão que se tinha é que a rua Augusta havia se mudado, pelo menos nesse domingo, para lá. Também, não para menos, com quase vinte anos de carreira, a banda faz fãs entre indies dos anos 90 e 00. Pontualmente, às 22h eles entraram tocando "15 Step", faixa que abre o último álbum "In Rainbows".
Seguida de "There There" e "The National Anthem", o primeiro grande momento da noite aconteceu com "All I Need", o público veio abaixo. A segunda seria com o clássico "Karma Police" do disco premiado e clássico dos anos 90 "OK Computer". Thom Yorke e banda pareciam não querer deixar o público em paz, pois, logo depois da canção executaram "Nude", balada lindíssima e introspectiva do último disco deles.
Momento alto e de êxtase do show foi quando as primeiras batidas da atmosférica "Idioteque", do experimental "Kid A", foi reconhecida pelo público. A voz esganiçada de Yorke cantava "Who’s in a bunker, who’s in a bunker" em volta de luzes amarelas que piscavam sem parar e transformavam a Chácara numa rave frenética e tensa. Assim encerrou-se o primeiro bloco do show. Ainda voltariam para mais dois.
Revelando também não ser uma banda de set list pronto eles trocaram algumas musica executadas no Rio para tocarem outras em São Paulo. E o saldo não podia ser melhor. A primeira surpresa veio com a profunda "Exit Music (For a Film)", com base acústica. Nesse momento todo o público se calou para receber a canção e os gritos de Thom Yorke. Foi o terceiro grande momento da apresentação. Depois, para massacrar os fãs, veio "Paranoid Android", que foi cantada em coro, e a linda "Fake Plastic Trees", também acompanhada pelo público.
Para encerrar a noite, que com certeza ficará marcada na vida de muita gente, o Radiohead tocou "Everything In its Right Place", e, assim como no Rio, finalizaram o show com o primeiro sucesso da banda, a música "Creep". Essa foi a passagem do Radiohead pelo Brasil, em cima de um palco com telões confusos, iluminados por cilindros que davam efeitos maravilhosos e futiristas ao show. Com uma performance excelente a banda consegue se desculpar pela demora de uma apresentação no Brasil. Agora, é claro, torcemos para que voltem logo.
Menores e não menos importantes
Com a difícil missão de abrir para os ingleses do Radiohead foram escalados o grupo carioca Los Hermanos e o alemães futuristas do Kraftwerk. Os meninos do Rio de Janeiro foram os primeiros a se apresentar e abriram o show com "Todo carnaval tem o seu fim", foi incrível. Segundo a banda este show não marca um retorno oficial do grupo. No final da apresentação, bastante aplaudidos, o guitarrista e vocalista Rodrigo Amarante soltou, "até um dia". Fica a dica.
Apesar de não lançarem um trabalho novo há mais dez de anos, o grupo alemão Kraftwerk fez um show impecável. Destaque para o trabalho de palco e as imagens, uma espécie de vídeo arte, exibidas pelos telões. Os grandes momentos do show foram com a música "We are The Robots", "The man machine" e "Radioactivity". Realmente era a noite sobre um futuro mecânico…