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Após polêmica por beijo gay, Centro Acadêmico da USP nega homofobia

Na última quinta-feira (23/10) noticiamos em primeira mão o caso dos alunos da USP, Jarbas Rezende e José Eduardo, que denunciaram o Centro Acadêmico de Veterinária por homofobia. Os estudantes disseram ter sido expulsos de uma festa do C.A após trocarem beijos. O caso repercutiu e o Centro Acadêmico se manifestou no último domingo para refutar as acusações do casal.

Sobre o ocorrido, no último dia 10 de outubro, o C.A Moacyr Rossi Nilsson nega que tenham organizado um baile funk. "Podemos afirmar que não partiu de nós como um ato homofóbico, visto que temos em nosso convívio homossexuais". O comunicado diz ainda que os estudantes Jarbas e Eduardo "não estavam apenas se beijando" em um dos palcos existentes no espaço da festa. "Era uma ‘troca de carícias’ muito mais explícita, o que acabou provocando certo desconforto em alguns dos poucos presentes", relata a nota.

Sobre o DJ ter parado o som no meio da festa, eles alegam que o mesmo "visava apenas pedir ao casal para descer do palco, não de expulsá-los da festa e muito menos reprimi-los por sua orientação sexual". Sobre a expulsão de Jarbas e Eduardo e de amigos da dupla, disseram que foi "conseqüência da briga que se iniciou entre o ‘brutamontes’ e os companheiros do casal".

O C.A também se defende e afirma que "cabe ressaltar que estes membros de nossa gestão foram agredidos verbalmente, havendo também tentativas de agressões físicas por parte dos colegas do casal que estavam presentes no local. O Centro Acadêmico jamais apoiou qualquer atitude homofóbica em toda sua extensa história". Sobre o beijaço previsto para acontecer na próxima sexta-feira, se dizem favoráveis. "Quanto ao beijaço, programado para o próximo dia 31/10, acreditamos que qualquer forma pacífica de protesto é válida".

A seguir você confere na íntegra a carta do Centro Acadêmico, que também pode ser lida na comunidade "Veterinária USP" no Orkut no tópico: "Leia isso aqui, filho da PUTA!" (sic), onde a reportagem do A Capa foi postada. No site de relacionamentos, os alunos e freqüentadores do Centro Acadêmico ironizam o fato, tiram sarro e dizem que nas próximas festas irão levar câmeras. Outros ainda declaram que não tem mesmo que ter gays por lá. Clique aqui e veja.

Resposta

Por acreditar que um posicionamento nosso se faça mais que necessário frente às recentes acusações de homofobia, a atual gestão do CAMRN (Centro Acadêmico Moacyr Rossi Nilsson), vem por meio desta prestar esclarecimentos e apresentar nossa versão dos fatos.

Em relação ao ocorrido no último dia 10 de outubro, durante uma confraternização promovida no CAMRN (que, ao contrário do que tem sido publicado, não é um baile funk), podemos afirmar que não partiu de nós como um ato homofóbico, visto que temos em nosso convívio homossexuais, inclusive alguns alunos de nossa faculdade, que sempre freqüentaram nossos eventos e jamais sofreram qualquer tipo de discriminação por demonstrações públicas de carinho. O fato é que os estudantes Jarbas e Eduardo não estavam apenas se beijando em um dos palquinhos existentes em nosso espaço. Era uma "troca de carícias" muito mais explícita, o que acabou provocando certo desconforto em alguns dos poucos presentes, não por conta de ser um casal homossexual, mas sim porque a demonstração exacerbada estava ocorrendo no local mais visível do evento. A tentativa do DJ (que, ao contrário do que pudemos ler em todas as publicações até o momento, não xingou e muito menos "escorraçou" o casal do local) visava apenas pedir ao casal para descer do palco, não de expulsá-los da festa (que já estava no fim) e muito menos de reprimi-los por sua orientação sexual.

Quanto ao "brutamontes" que puxou o casal do palco, cabe a nós dizer que ele não faz parte da Graduação de nossa Faculdade, tão pouco de nossa atual gestão, portanto não cabe a nós acusá-lo/defendê -lo. A suposta "expulsão" foi conseqüência da briga que se iniciou entre o "brutamontes" e os companheiros do casal. O fato é que, na tentativa de manter a integridade física dos presentes, os seguranças contratados separaram os envolvidos utilizando para tanto a porta da frente do Centro Acadêmico. Em conseqüência, a discussão que se seguiu foi recheada de agressões verbais mútuas, pois o "brutamontes" foi mantido dentro do Centro Acadêmico para evitar prorrogação das agressões físicas e, para o mesmo poder sair do local, teve que ser levado pelos seguranças e alguns membros da gestão do Centro Acadêmico, que queriam apenas que a confusão acabasse.

Neste ponto, cabe ressaltar que estes membros de nossa gestão foram agredidos verbalmente, havendo também tentativas de agressões físicas por parte dos colegas do casal que estavam presentes no local. O Centro Acadêmico jamais apoiou qualquer atitude homofóbica em toda sua extensa história e condena tais atitudes, visto que, conforme citado anteriormente, temos em nossa escola e em nosso convívio diário representantes da comunidade gay (sendo que alguns até trabalham juntamente com a gestão do CA). O Centro Acadêmico é um órgão eleito pelos alunos e responde por todos eles, sem qualquer distinção de etnia, crença, religião, origem social ou orientação sexual. O DJ do Centro Acadêmico também condena tais atitudes e espera que os leitores entendam que sua atitude não foi contra o "beijo" gay e muito menos contra o casal.

Todos os que comparecem aos nossos Happy Hours podem constatar que freqüentemente há casais gays por lá (inclusive beijando-se na pista de dança) e nunca foram reprimidos, portanto todas as sextas realizamos "festas com diversidade sexual". O intuito destas confraternizações é a diversão após uma semana estressante de aulas, e todos os bem intencionados, independentemente da orientação sexual, sempre foram e sempre serão bem-vindos.

Quanto ao beijaço, programado para o próximo dia 31/10, acreditamos que qualquer forma PACÍFICA de protesto é válida.

Esperando resolver esta situação o mais brevemente possível e, dispostos a prestar eventuais esclarecimentos, pedimos desculpas, pelo mal-entendido, a toda a comunidade gay e às pessoas que porventura tenham se ofendido, e aproveitamos a situação para desejar a todos nossas mais cordiais Saudações Universitárias.

Centro Acadêmico Moacyr Rossi Nilsson

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