Após o lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos , uma nova crise se alastrou no governo Lula. E, principalmente no que diz respeito à questão da união civil gay, adoção para homossexuais e aborto.
O ministro dos direitos humanos, Paulo Vannuchi, declarou ao jornal "O Estado de São Paulo" que "até pode abrir mão de temas como a união civil gay, o aborto e outros". Na mesma linha de não apoiar o casamento gay seguiu o deputado Cândido Vaccarezza (PT- SP) e a senadora Ideli Salvati (PT-SC). Para ambos a questão do casamento gay não é consenso na sociedade e nem no PT, e não interessa para a eleição de Dilma.
“Dos temas polêmicos, provavelmente só ficará o item que trata da proibição para que os programas de TV e os meios de comunicação façam propaganda racista ou preconceituosa”, declarou Candido Vaccarezza ao Estadão. Ainda segundo o parlamentar “o Plano de Direitos Humanos é um erro e atrapalha a candidatura da ministra Dilma”.
A senadora Ideli Salvatti não deixou o seu companheiro falando sozinho. Ao jornal "Folha de São Paulo" a líder do governo no Senado declarou que a união entre homossexuais e o aborto não possuem posição definida dentro do próprio governo.
“Não são matérias (união gay e aborto) que sequer podem colocar na mesma ótica oposição e governo. Há matérias de implicação de ordem religiosa, concepção de vida… já temos projetos sobre esses temas no Congresso que nunca foram aprovadas”, tentou justificar a senadora.
Tanto Ideli quanto Vaccarezza foram uníssonos ao afirmarem à Folha que os temas polêmicos – casamento gay e aborto – não favorecem a campanha de Dilma e ainda por cima tiram votos.
Associação gay apoia Plano Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal
Em comunicado divulgado no último domingo a ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – declarou apoio ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal, criado por meio de decreto do presidente Lula, no final do ano passado.
O Plano tem sofrido ataques de diversos setores da sociedade, como da Igreja, que é contra a descriminalização do aborto e das Forças Armadas, contrários a criação de uma "comissão da verdade" para apurar os crimes de tortura cometidos durante o regime militar.
A ABGLT saiu em defesa do Plano ao mencionar que as propostas traçadas foram construídas "democraticamente" em diversas Conferências convocadas pelo Governo Lula ao longo desses dois mandatos.
"O Programa não foi feito apenas pelo governo, mas democraticamente por milhões de brasileiros e brasileiras. Nós lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) participamos de em torno de 10 conferências – das mais de 50 que houve durante o governo atual", diz a nota.
"Compreendemos que os direitos sexuais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) são direitos humanos e por isso direitos fundamentais a serem respeitados em uma sociedade democrática", afirma a entidade.
Mesmo defendendo uma postura "sem revanchismo", a associação se colocou favorável à criação da comissão da verdade. "Queremos referendar o apoio à busca da verdade sobre a ditadura militar. No mínimo precisamos saber a verdade, mas sem revanchismo. Devemos conhecer o passado para não repetir os mesmos erros".
No comunicado, a ABGLT defende ainda a descriminalização do aborto ao lembrar que "precisamos respeitar a autonomia das mulheres".