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Após sofrer ataques na internet, Leonardo Vieira luta para criminalizar a homofobia

‘Não vou virar ícone da causa gay, mas vou lutar contra o preconceito’, diz Leonardo Vieira

+"Não escolhi ser gay" Ator Leandro Vieira fala sobre homofobia em carta aberta

Alvo de preconceito e ataques em seus perfis nas redes sociais após um site de celebridades publicar uma foto em que beijava outro homem numa festa, no fim de dezembro, Leonardo Vieira abraçou uma causa: quer lutar pela criminalização da homofobia.

 
O ator se declarou homossexual numa carta aberta (que escreveu durante quatro dias), postada na semana passada na web. E prestou queixa na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, no Rio, na última segunda-feira, para descobrir a identidade dos agressores virtuais. Ele conta que chegou a receber um e-mail ameaçando-o de morte.
 
— Não vou virar ícone da causa gay, mas vou lutar contra o preconceito. Onde houver intolerância e discriminação, pode contar comigo. A partir do momento em que encarei essa causa, vou batalhar por ela. Quero a criação de uma lei que defenda os atacados. Homofobia gera intolerância e gera morte — enfatiza Vieira, que se tornou galã na TV em 1993, quando interpretou o coronel José Inocêncio, na primeira fase da novela “Renascer”, na Globo.
 
Visto pela última vez na televisão em “Os dez mandamentos — Nova temporada”, da Record, no ano passado, ele atuava na emissora desde 2005, quando estrelou “Prova de amor”. No momento, está sem contrato com qualquer canal. Vieira reestreou na semana passada, no Teatro Folha, em São Paulo, a peça “Nove em ponto”, de Rui Vilhena, com direção de Isser Korik. No espetáculo, interpreta, justamente, um homem homofóbico e misógino.
 
— É um personagem completamente preconceituoso — diz.
 
“NUNCA FUI DE MENTIRA”
 
O ator esclarece que não falava abertamente sobre sua orientação sexual com medo de ter a carreira prejudicada:
 
— Nunca fui uma pessoa de mentira, não escondia a minha vida. E não tinha a obrigação de sair na rua com a palavra gay escrita na testa. Eu não levantava bandeira, mas não deixava de ir com um namorado a um restaurante, por exemplo. Quem me conhece sabe que sou de verdade. Quando a foto do beijo foi publicada, pensei: “Chegou a hora. As pessoas têm que saber minha versão”. Hoje posso olhar para elas de frente, tenho liberdade.
 
Vieira se diz mais leve:
 
— Eu me sinto iniciando uma nova fase da minha vida. Sei que estou ajudando muita gente pelos depoimentos que li. Se fosse pensar apenas em mim, não teria tomado esta atitude. Claro que pensei: “Vou ser chamado para trabalhar? Vou ser xingado na rua?”.
 
Aos 48 anos, completados no dia em que a foto do beijo foi tirada, o ator diz que agora tem “condições emocionais e intelectuais para enfrentar a situação”.
 
— Vejo gente me cobrando uma posição. Mas já trabalho numa ONG (MHuD) que defende direitos humanos há tempos. Não pensava numa causa própria. Mas agora estou, sim, lutando especificamente contra a homofobia.
 
Visto em tramas marcantes, como a minissérie “Os Maias” (2001) e a novela “Senhora do destino” (2004), ambas na Globo, Vieira diz acreditar que já perdeu trabalhos por ser gay:
 
— O preconceito chega de forma sutil, por meio de brincadeiras. Já ouvi coisas do tipo: “Cuidado, você está saindo demais, precisa se preservar”. No começo de carreira, fui colocado como galã, símbolo sexual. Foi um grande conflito para mim, era imaturo, não sabia como lidar com isso.
 
Agora, o ator diz que espera não ser prejudicado após falar abertamente de sua sexualidade.
 
— Já convenci no papel do mocinho, do galã, e a audiência confiou nisso. Comecei justamente com esse tipo de personagem. Espero que não deixem de me chamar por preconceito. Posso fazer todo tipo de personagem.
 
Fonte: O Globo
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