"Bachillerato Popular Mocha Celis", em homenagem a uma travesti que não sabia ler nem escrever e vivia em Buenos Aires, é o nome da escola para travestis inaugurada na Argentina.
Localizada no bairro de Chacarita, a instituição seguirá a linha de ensino do educador Paulo Freire. Entre diversas matérias, a escola ensinará literatura, cooperativismo, matemática, noções digitais, memória e reconhecimento trans.
As aulas, que começaram no mês passado, contam com 25 alunos e alunas. "A maior parte da população travesti deixa a escola por causa do preconceito", declarou Francisco Quiñones, um dos criadores e coordenadores da escola.
Para ele, o fato de as travestis serem tratadas com o artigo feminino "as" e ainda identificadas com o nome que escolheram ter, é um dos benefícios da instituição. "Na escola regular, as transexuais se sentem violentadas desde a chamada de classe, quando geralmente se usa o nome de nascença. O mesmo para o caso de garotos [transexuais]", afirma Quiñones.
Já Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), é contra a ideia de uma escola especial por gerar a segregação. "Não queremos criar guetos, queremos estar integrados na sociedade e é para que isso que trabalhamos", declarou.
Francisco Quiñones, por sua vez, acredita que a instituição é uma maneira de dar a possibilidade de travestis e transexuais se formarem e terem uma opção de vida que não seja a prostituição.