A falta de leitura e de estudo sobre certas questões acarreta ao senso crítico comum. E o que significa isso? Sair por aí repetindo aquilo que parte da grande imprensa diz sobre determinados assuntos políticos, principalmente no que diz respeito às questões da América Latina e sua relação com a Europa e Estados Unidos.
Raro é o dia em que abrimos jornais como o Estado de São Paulo, ou Folha de São Paulo e não encontramos alguma matéria com conteúdo negativo em relação a países como: Bolivia, Paraguai, Uruguai, Argentina, Venezuela e claro, o Brasil. E por que tanta raiva dos atuais governantes destes países? Será que isso se dá pelo fato de, pela primeira vez na historias os governantes atuais estarem a romper com a total submissão para com a Europa e com os Estado Unidos? Provavelmente.
Por isso é importante voltar um tanto no tempo e entender como eram essas regiões por volta dos séculos XV, XVI, XVII, XVIII, XIX… E ate hoje. O tão aguardado século XXI. Os espanhóis quando chegaram a América nada mais fizeram do que massacrar a população Inca e Maia, estas duas continham rica tecnologia de irrigação, de tinta e um calendário mais evoluído do que o gregoriano, este que no rege atualmente e é católico.
Isso sem entrar na questão do assalto as riquezas naturais: estanho, aço e ouro. Exploração. População independente transformada em escrava, isso é, aquela que restou. Das terras e do sangue latino nasceu à riqueza européia. O tempo avançou e o colonizador mudou. Assim a Inglaterra iniciou a sua careira exploratória. Estamos no século XIX, inicio da revolução industrial e das máquinas a vapor. Agora o assalto seria dos artefatos…
Ao chegarem às terras argentinas descobriam a lã e as roupas típicas. Roubaram toda a criatividade dos artesãos latinos e levaram para Inglaterra, onde já existia a máquina e claro, produziram o triplo e trouxeram para cá, com isso levou a miséria de inúmeros artesãos. Temos o começo da população miserável que hoje permeia toda a América Latina. A máquina e o homem, eterno antagonismo. Sem contar claro, o protecionismo inglês em cima dos seus produtos, prática que se perpetua até hoje!
Finalizando, tanto a Europa quanto os Estado Unidos sempre atuaram de maneira a não permitir o desenvolvimento de uma indústria interna e de seu consumo interno… Economia interna. Vinham aqui, roubavam as idéias e as produziam de maneira interminável em suas terras. O pior é que tal prática contava com o apoio dos exportadores latinos de matéria prima. Estes não sabiam que estavam construindo a miséria de seu próprio país. Tal fato explica por que hoje 20% de brasileiros detém a riqueza de um país. A prática e a miséria vêm de longe.
Não à toa Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Tabaré Vasquez (Uruguai), Hugo Chávez (Venezuela), Christina Kirchner (Argentina) e Lula (Brasil) incomodam tanto as oligarquias de seus respectivos países. Pois, estes governos, cada um a sua maneira, intentam a independência econômica e social de seus países, fortalecer o produto nacional, rever tratados que foram assinados ha mais de um século, tencionar com projeto sociais a incluir na sociedade aqueles que foram durante décadas excluídos e aqui até as bichas estão inclusas…
Essas pessoas incomodam por que ainda temos uma certa parcela de grupos que detestam a América Latina e que acreditam a vida legal estar ligada aos costumes europeus ou ao "american way of life". Assim com faziam no inicio do século XX, quando importavam revistas francesas de moda e as pessoas queriam viver como os europeus… Ter um casaco de pele em um país tropical… Santa ignorância. No ápice do desejo de ser semelhante ao colonizador, esta casta das sociedades latinas vivia (e ainda vive) numa ignorância abundante. Basta reparar: odeiam que o Brasil converse com os seus hermanos, sonhavam com a ALCA (você se lembra?).
Os países que Eduardo Galeano retratou em "Veias Abertas da América Latina" eram "humilhados e ofendidos", como diria Dostoievski. Hoje encontramos as respostas destes povos cansados de serem saqueados e ignorados. Governados por uma minoria que da as costas para a cultura local. Já são quase trinta anos da publicação da primeira edição de "Veias Abertas…", felizmente muita coisa que ali está mudou, ou está em fase de, mas, o ímpeto assassino e devastador europeu e norte americano ainda persiste, felizmente com menos sucesso. Basta fazer uma análise da atual América Latina.
E se você estiver a fim de aprofundar a questão, fica a dica de leitura: As Veias Abertas da América Latina, Eduardo Galeano, Editora Paz e Terra.