Às vezes somos tão tolos. Talvez na maioria das vezes mesmo. Vou além: é difícil manter uma mente sábia diante das nossas aflições, medos, angústias, apegos e tudo o que parece ser tão real.
Certa vez eu vi o Dalai Lama dizer que os nossos maiores inimigos são na verdade nossos maiores amigos. Explico: é diante deles que temos a oportunidade de crescer e melhorar certas falhas e dificuldades que carregamos conosco.
Não somente os inimigos humanos, mas, principalmente, os inimigos invisíveis, que seriam nossas emoções perturbadoras. Somente frente a frente com eles é que podemos nos analisar, melhorar enquanto pessoas e exercitar atitudes e pensamentos que nos fazem maiores e melhor do que somos. Se conseguirmos receber os nossos “inimigos” como os maiores amigos traremos tranquilidade aos nossos corações.
Devemos receber as situações ruins, chatas e cansativas como uma oportunidade de exercitarmos o que precisamos a fim de sermos pessoas melhores. Diante do cansaço e das dificuldades referentes a certas situações, não podemos deixar que seus respingos nos prejudiquem e também aos outros.
Compreender melhor os outros seres, pondo-se em seus lugares, é exercitar a sabedoria do espelho e facilitar para ambos os lados o que poderia ser tão destrutivo. Reagir positivamente às dificuldades e aversões trará, certamente, mais sabedoria ao agir e, consequentemente, mais tranquilidade.
É como uma lição de casa que tem que ser praticada continuamente para ser absorvida. E é também um desafio deixar tanta tolice de lado ao compreender a natureza efêmera de todas as coisas, e, finalmente, abrir os olhos.
Não vale à pena se deixar tocar por tão pequenas coisas nem se apegar tanto ao ego, ao “eu”, à vaidade. Para que servem eles senão para o aprisionamento diante do que parece levar à felicidade? Ridículo, pequinês humana, perda de tempo.
A vida é curta e passageira, portanto, perdoe, compreenda, abra os braços e tenha compaixão por todos os seres, mesmo quando eles te deem o contrário. Esse ensinamento está em todas as tradições espirituais e religiosas. Jesus disse “dê a outra face”, o Buda Sakyamuni também, assim como Alan Kardec e todos os mestres de todas as tradições.
Atitude. E atitude de mente, acima de tudo. É a mente quem domina o corpo, as sensações, as experiências e sentidos da vida.
Somos senhores de nossa mente. Exercite sua paciência e compreensão. Exercite a compaixão diante das limitações das pessoas. Compreenda a dificuldade do outro, ponha-se no seu lugar se ele parece ter limitações ou barreiras pra entender o que para você é tão óbvio e tudo ficará mais fácil e tranquilo.
Não vamos deixar coisas tão pequenas afetarem a nossa paz. Nós temos esse poder. Aliás, o nosso poder é tão grande que sequer conseguimos compreender a dimensão do que isso significa.
* Anitta Schver é colunista do Dykerama.com.
