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Assassinato de ativista no Acre é retrato da violência homofóbica no Brasil

No último sábado, dia 4, Francisco Dantas, coordenador do Programa Estadual de DST/Aids do Acre, desapareceu. Nesta quarta-feira, teve fim o mistério do sumiço. O corpo do ativista gay foi encontrado despido e em estado elevado de decomposição na altura do quilômetro 14 da Estrada do Quixadá, dentro do Igarapé Mantebom.

Por volta de 14h, o agricultor Francisco Torres Cabreiro, 40 anos, que mora à margem do igarapé, ligou para a polícia informando que havia encontrado um corpo. A identificação de Chico Dantas foi possível graças a uma pulseira encontrada no braço esquerdo, o relógio no braço direito e o cordão que usava.

Antes de o corpo ser encontrado, policiais militares da 3ª Regional cumpriram um mandado de prisão expedido pela Justiça contra o estudante Evandro de Sousa Araújo, que está entre os suspeitos pela morte do ativista. A polícia chegou até ele após conseguir na Justiça a quebra do sigilo telefônico da vítima. Evandro teria realizado as três últimas ligações para o celular de Dantas.
 
A polícia suspeita de que a morte tenha se dado por estrangulamento, pois sua cabeça estava roxa. O carro dele foi encontrado abandonado em uma rua do Conjunto Castelo Branco com todos os seus pertences, inclusive o telefone celular, e sem vestígios de luta.

Militância arriscada

Esta não é a primeira vez que um crime de ódio envolvendo a militância acontece na região Norte do país. Há dois anos o presidente da Associação dos Gays do Amazonas, Adamor Guedes, foi assassinado; um ano depois, o presidente Gay do projeto Vida de Porto Velho, Paulo-Paula foi morto na porta de casa.

Agora, A Secretaria de Comunicação da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgeneros), o Núcleo de Combate a Homofobia da Universidade do Acre (Nudicho) e a Associação Homossexual do Acre (AHAC) estão cobrando apuração rigorosa sobre as causas do assassinato do líder gay.

As três entidades pedem que a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidencia da República e a Coordenação da Sociedade Civil e Direitos Humanos do Programa Nacional de Aids envie representantes até Rio Branco para ajudar a cobrar das autoridades locais a investigação e apuração do crime.

Léo Mendes, Secretário de Comunicação da ABGLT, avaliou a questão: "Em assassinatos por homofobia é comum as pessoas matarem os gays [sic] e roubarem seus pertences, além de praticar várias violências. No caso de Francisco, tudo leva a crer que ele deva ter sido torturado e afogado, em virtude de alguma vingança ou ódio pelo fato dele ser liderança gay. É o terceiro caso de liderança gay, descendente de índios, assassinado na Região Norte em dois anos. O crime não pode ficar impune".

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