Nesta quarta-feira (4), a comunidade LGBT do Brasil inteiro acompanhou ansiosa a votação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do reconhecimento das uniões estáveis para casais do mesmo sexo. O primeiro a votar, como pede o regimento, foi o relator da matéria, o ministro Carlos Ayres Britto, que de maneira emocionante deu o seu voto a favor do tema.
Porém, por conta da ausência do ministro Celso de Mello, o presidente do STF, Cezar Peluso, adiou a votação para hoje. Por conta disso, a reportagem de A Capa resolveu perguntar para algumas lideranças do movimento LGBT sobre as suas expectativas em relação ao prosseguimento da votação e como eles acham que os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux, que são a grande dúvida, deverão agir.
Beto de Jesus, do Insituto Edson Néris (IEN), declarou que se trata de um momento "muito importante para a vida dos homossexuais no Brasil". O ativista lamenta o fato de o Poder Judiciário estar fazendo o "papel do Poder Legislativo", que, segundo ele, está "entranhado no obscurantismo religioso fundamentalista e não sabe sequer qual é o seu papel". Sobre a decisão, Beto de Jesus acredita que ela não será dada hoje e que os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux votarão contra.
Fundador do Grupo E-Jovem, Deco Ribeiro disse ter "certeza" de que a união estável será aprovada. Para ele, ficou muito difícil, após o voto de Ayres Britto, os opositores se declararem contra a união estável. Sobre a relatoria e o discurso de Ayres Britto, Deco declarou que o magistrado deixou claro que o que está em jogo "é a família e que isso está acima do casamento". A respeito da postura de Mendes e Fux, Ribeiro acredita que Gilmar Mendes irá votar contra e pedir vista. Sobre Fux, ele acredita num voto favorável.
O ativista do Grupo Corsa, Julian Rodrigues, declarou que o ministro Ayres Britto "fez história e a maioria dos demais ministros deve seguir a posição do relator". "Só espero que nenhum deles peça vista e impeça essa mudança histórica", diz. Sobre o voto de Gilmar Mendes, Rodrigues lembra que o ministro já considerou a união entre duas mulheres. A respeito de Fux, o ativista revela que o ministro já fez várias falas a favor de políticas afirmativas e que ele tem "perfil progressista". Rodrigues aposta que ambos votarão a favor.
Tchaka Drag Queen disse à reportagem que "ninguém na sociedade perde com a aprovação da união estável para casais homossexuais". Por conta disso, a ativista acredita que a união vai ser aprovada e que a comunidade LGBT terá os seus direitos equiparados. Sobre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux, Tchaka traça o mesmo caminho de Julian Rodrigues e lembra que ambos já tiveram posturas favoráveis às questões LGBT e opina que ambos votarão a favor.