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Ato contra homofobia reúne 500 pessoas em São Paulo; veja fotos

O cotidiano dos frequentadores e vendedores da tradicional feira de antiguidades do vão Masp foi quebrado neste último domingo (21). Por volta das 14h45, já era possível avistar duas pessoas segurando uma vistosa bandeira do arco-íris: tratava-se de Beto de Jesus, do Instituto Edson Néris (IEN), e de Stephen Barris, representante da ILGA-Bruxelas (International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association).

Às 15h, com um megafone em mãos, Beto de Jesus avisou aos presentes o motivo de estarem lá. "Hoje, a partir das 15h, vamos protestar contra a violência homofóbica aos LGBT. O Brasil não pode mais conviver com isso", falou. Uma aglomeração de curiosos e ativistas começou a se formar e, não demorou muito, a grande imprensa também chegou. Canais de TV montavam seus equipamentos, jornalistas entrevistavam e fotógrafos registravam imagens.

Foi também Beto de Jesus que deu início às falas. "Temos uma bancada religiosa de pessoas que eu não sei se são parlamentares ou pastores, mas que barram qualquer projeto pró-LGBT, negro e também atua contra as mulheres. É preciso acabar com isso", disse o ativista, que também atentou para o estereótipo dos agressores. "Esta última agressão chama a atenção pelo fato de que não se trata de skinheads e, sim, de jovens da classe alta de São Paulo", disse o ativista.

Na sequência, Irina Bacci, do Coletivo de Feministas Lésbicas (CFL), questionou o fato de os homens não saberem lidar com a cantada masculina. "Por que os homens não conseguem lidar com a cantada masculina? O machismo é o fruto de tudo isso. Estamos aqui para dizer que este lugar (avenida Paulista) é nosso e que não aguentamos mais tanta violência", finalizou.

Por sua vez, o ativista Eduardo Pizza Melo, do IEN, discursou sobre a carta pública do chanceler do Mackenzie, Nicolau Augustus, contra a criminalização da homofobia e pelo direito de criticar a vida dos gays. "Que vergonha uma universidade querer ter o direito de discriminar… Essas igrejas deveriam pagar impostos ao invés de semear o ódio e a intolerância", protestou.

Como poucas vezes se viu, este ato contou com a presença de três parlamentares: Ivan Valente, deputado federal pelo PSOL; Carlos Giannazi, do mesmo partido; e Jean Wyllys (PSOL-RJ), deputado federal recém-eleito, que veio diretamente do Rio de Janeiro para participar do ato.

"Não podemos mais tolerar a homofobia no Brasil. Temos que acabar com esse paradoxo: o país com a maior Parada Gay do mundo é um dos mais homofóbicos. Eu também gostaria de saber onde estão os pastores que gritam aos quatro cantos que são a favor da vida? Por que não estão aqui celebrando um ato contra a violência?", questionou Giannazi.

Por sua vez, Jean Wyllys revelou ter ficado surpreso ao chegar ao vão do Masp e ter encontrado "tanta gente". "Confesso que estava vindo pra cá e pensei que não encontraria tanta gente, isso me deixa muito feliz. Esse ato (agressão contra os garotos na Paulista) não foi atípico, ele é cotidiano. Isso se trata de uma reação ao nosso crescimento. Mas nós vamos continuar e cada vez mais ocupar lugares de poder, pois eles (homofóbicos) querem nos empurrar para o gueto", falou Wyllys.

Antes de a marcha começar, Policiais Militares que ficam no vão do Masp se ofereceram para escoltar e dar segurança às pessoas durante o trajeto. Para tal disponibilizaram uma faixa da avenida Paulista para os manifestantes. A participação espontânea da PM dividiu opiniões. Alguns diziam que era uma forma de "controle do Estado", outros gostaram e viram no ato uma evolução de parte da polícia.

Durante o trajeto, carros buzinavam em apoio aos manifestantes, outros reagiam negativamente. Pessoas que estavam nas calçadas da Paulista tomando cerveja se manifestaram favoravelmente e tiravam fotos. Até mesmo hippies que vendem seus artesanatos se juntaram ao grupo e pregaram pelo amor e pela paz.

Várias frases foram ecoadas pela avenida, como "Contra a homofobia a nossa luta é todo dia" e "Tirem os seus rosários dos nossos ovários"; "Abaixo a repressão! Mais amor e mais tesão". Por fim, as feministas lésbicas mandaram o seu recado: "Se cuida, se cuida, se cuida seu machista que a América Latina será toda feminista".

A manifestação, que reuniu cerca de 500 pessoas, encerrou-se por volta das 18h30 no número 777 da Paulista, onde ocorreu a agressão. Em frente ao prédio, os ativistas deram uma salva de palmas para os seguranças que ajudaram o garoto agredido.

Veja fotos da manifestação.

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