Russell Tovey interpreta policial gay e revela os desafios de ser assumido na indústria do entretenimento
O ator britânico Russell Tovey, conhecido por sua atuação em produções LGBTQIA+, compartilhou recentemente suas impressões sobre o papel do policial gay que interpreta na minissérie “Suspect: The Shooting of Jean Charles de Menezes”, disponível na Disney+. Além disso, ele abriu o jogo sobre o conselho homofóbico que recebeu no início da carreira, quando lhe sugeriram manter sua orientação sexual em sigilo para evitar problemas profissionais.
Representatividade e resistência
Em “Suspect”, Tovey dá vida a Brian Paddick, o policial abertamente gay de mais alta patente na Grã-Bretanha durante os atentados de julho de 2005, que desencadearam uma intensa caçada policial e culminaram na trágica morte do brasileiro Jean Charles de Menezes. Para o ator, essa conexão com Paddick vai além da atuação. “Ele é alguém que eu sempre admirei”, afirmou. “Foi importante ter uma figura dentro da comunidade LGBTQIA+ com princípios e coragem.”
Russell, que assumiu sua sexualidade cedo na carreira apesar dos conselhos contrários, se identifica profundamente com o personagem: “Sei o que significa ser gay sob os holofotes e lidar com o que as pessoas escrevem sobre você.”
Relembrando um episódio marcante
A minissérie aborda com tensão e realismo os momentos antes, durante e depois do incidente fatal envolvendo Jean Charles, destacando a desinformação que circulou na época. A polícia confundiu o brasileiro com um suspeito, o seguindo até o metrô e disparando contra ele sete vezes na cabeça. Informações falsas sobre ele terem pulado catraca ou fugido foram usadas para justificar o ocorrido, o que gerou revolta e tristeza na comunidade e no público.
No seriado, o personagem de Paddick expressa seu repúdio à maneira como a vítima foi culpabilizada: “É como se dissessem: ‘Desculpe por termos matado você, mas foi culpa sua.'”
Um marco na luta por visibilidade
Para Russell Tovey, que atualmente tem 43 anos, é impressionante pensar que já se passaram quase 20 anos desde o ocorrido. “Parece que foi ontem, mas sei que na época houve muita manipulação de informações”, refletiu. Sua atuação não só revive um momento doloroso da história recente, mas também reforça a importância da visibilidade e do combate à homofobia, tanto na vida real quanto nas telas.
Com sua voz e talento, Tovey segue inspirando o público LGBTQIA+ a resistir e conquistar espaço, mostrando que assumir quem somos é um ato político e de amor-próprio.