Antes de mais nada quero deixar bem claro a todas que também sou adepta a pétalas de rosas rodeando a cama, incenso, jantar a meia luz, vinho, palavras doces e sensíveis, delicadeza, luz de velas, música suave e romântica, dançar lentamente de corpo colado sentindo a respiração e o coração batendo no mesmo ritmo, declarações de amor, e muito, muito carinho.
Mas hoje vim aqui falar de outro tema, nem mais nem menos importante, mas diferente: FETICHE. Então, abram suas mentes, ignorem qualquer moralismo existente, qualquer bloqueio socialmente criado, esqueçam o superego num canto qualquer, façam desaparecer qualquer limite e mergulhem comigo nesse criativo e surpreendente mundo dos jogos e fantasias sexuais.
…então eu pego as algemas, te olho despudoradamente e te desafio a entrar nos “doces sonhos” da libido…
Fetiche tem origem francesa e significa feitiço. Nada mais é que uma representação simbólica com conotação sexual. O fetiche usa nosso imaginário, ainda que o mais primitivo, é uma espécie de obsessão, não necessariamente negativa, por algum objeto, alguma situação, por algum sentimento, que quando alcançado, gera um prazer intenso.
Quem nunca teve fetiches? Alguns com fantasias mais ousadas, outras mais contidas, mas inevitavelmente esses desejos se manifestam, ouvi-los é que é a questão. Fetiches vão de gosto peculiares por pés, por uma essência de perfume, até todos os acessórios utilizados em práticas sadomasoquistas e de dominação.
Existe uma diferença entre distúrbios sexuais e fantasias, o primeiro causa dependência física e psicológica, esses nada mais são que exploração diferenciada de prazer, mas que não vincula a satisfação sexual a uma prática exclusiva.
Crescemos numa sociedade castradora, que repele o diferente e julga o não comum, o que provoca inúmeras insatisfações sexuais. Milhares de pessoas sufocam seus desejos por se autorecriminarem, não se permitem experimentar algo que impulsiona seus instintos, pois muitas das fantasias sexuais não são socialmente aceitas.
Socialmente? Pára! Ninguém vai pra cama fisicamente com a estrutura sócio-política de uma nação, então porque teimamos em levar para a libertação da nossa libido o moralismo beatificado da hipocrisia de uma sociedade pungente.
O pior julgamento é aquele que fazemos a nós mesmos, perguntas veladas no espelho reprimem o desejo e a criatividade. Será que é certo? Isso é normal? Como posso ter vontade de fazer isso? Que nojo! Que absurdo! Devo estar maluca! Que vergonha! O que vão pensar de mim?
Vão pensar que queriam ter a sua coragem, a sua audácia, mas não vão te falar isso, irão te julgar e entre paredes vão ter inveja, porque você se permitiu. Então, dane-se os julgamentos. Quem se permite se dá o direito de saber muito mais sobre si mesmo, do que aquele que vive sufocado e recluso em seus desejos mais libertinos.
Sou extremamente libertina, confesso, tenho uma mente sexual aguçada, maliciosa e bem livre. Me permito e gosto de permitir quem esta comigo a ousar, a experimentar o novo, por isso prefiro intimidade e relacionamento do que sexo casual, embora não é uma prática que desprezo se estou solteira.
Quando o assunto é sexo, meu limite de aceitação é absurdamente elástico. Nunca me sufoquei sexualmente, mas tive uma grande angustia antes de me assumir, a aceitação sobre minha orientação sexual não foi fácil. De resto, sempre mergulhei nos meus instintos mais despudorados, desavergonhados e devassos.
Não pensem muito, não busquem explicações, sexo não é racional, é instintivo. Deixem o incontrolável tomar conta de vocês, se entreguem sem pensar em certo e errado, isso não existe dentro da “cama”. Seja honesta com você, assumir a sexualidade não significa apenas se rotular, heterossexual, bissexual, homossexual ou transsexual. Se assumir é se libertar e ousar fazer coisas que você não contaria nem para seu travesseiro, mas se fizer com certeza vai passar horas depois com a cabeça nele em devaneios saudosos.
Qual é seu fetiche mais secreto? Arrisque! Realize-o! Não se julgue! Não pense! Existe fetiche pra tudo… Vestido colado, sexy, de festa; mulher de smoking; chuva dourada, chuva negra (não curto nenhuma das duas, nem quero tentar, mas são fetiches e devem ser respeitados), máscara; transar a três, a quarto, em grupo, em local público, local proibido, local sagrado; você é minha vadia essa noite, te quero como puta, te quero como santa, mas te quero.
Depois de toda essa libertinagem, um beijo nos lábios de forma doce e cúmplice, porque acima de tudo ela é sua mulher e entre casais deve existir respeito, intimidade e liberdade para se soltar. Se não forem um casal, sem problemas, vamos respeitar o velho e bom sexo casual e viva o tesão!
* Patty Gra é formada em Direito e Artes Cênicas, típica nativa de escorpião com ascendente em touro. Ciumenta e impulsiva. Adora praticar esportes, é amante de escalada esportiva, rafting, canoning, rapel e aficcionada por mergulho.