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Ausência de políticos é alvo de crítica da Conferência Municipal GLBT de SP

No sábado (05/04) a cidade de São Paulo celebrou a sua 1ª Conferência Municipal GLBTTT, realizada na Assembléia Legislativa de São Paulo, dividida entre a mesa de abertura, apresentação dos resultados de três anos de existência do CADS e grupos de discussão, que se dividiram em sub-temas: Educação e Cultura; Segurança Pública e Direitos Humanos; Segmentos Vulneráveis e População GLBTTT; Trabalho e geração de renda e Direito à Habitação e Desenvolvimento Social.

Estiveram presentes na mesa de abertura autoridades como Dimitri Sales, do CADS; Eduardo Dias de Souza, do Ministério da Saúde; Isaias Santana, Secretário Adjunto de Justiça e Direitos Humanos do Estado de São Paulo; e Ricardo Montoro, secretário de Participação e Parceria do município. Todos os discursos foram rápidos e ressaltaram a importância do evento. Pena que o prefeito Kassab não esteve lá pra dar a sua opinião sobre a conferência.

Fora das personagens que foram designadas para representar a prefeitura (grande parte dos secretários e dos coordenadores passaram pelo evento), pudemos encontrar nos bastidores personagens sempre presentes nos fatos, políticos ou não, do mundo GLBTTT. Entre eles estava Bill da Pizza, famoso pelas suas pizzas que vendia no Autorama, mas teve de sair após ser proibido de trabalhar no local. Bill também é conhecido pela atuação militante com grupos do Autorama e disse, “sou pré-candidato a vereador. Mas o ideal é que todos os candidatos LGBT se unam em torno de um partido”. Leia a entrevista na íntegra clicando aqui.Já da área legislativo/política estiveram presentes o deputado Carlos Gianazzi(PSOL-SP) e a vereadora Soninha Francine (PPS-SP). Com eles conversamos sobre política, organização dos grupos gays, a baixa presença de figuras da política etc.

Para se ter uma idéia, apenas o deputado Carlos Gianazzi que faz parte da Frente Parlamentar GLBT compareceu ao evento. Os vereadores e deputados por São Paulo, no máximo encaminharam os seus assessores, preferiram uma presença onírica a real. Dos deputados podemos entender que estarão presentes na conferência estadual, mas o que dizer dos vereadores? Má vontade ou preguiça, de em pleno sábado se locomover para um evento denso como a conferência municipal GLBT pela cidade de São Paulo?

Sobre a ausência de figuras oficiais Gianazzi disparou: “Vivemos em uma sociedade heterosexista que não respeita os GLBT, e o poder público também é omisso”. Soninha também disse que é “um absurdo não ter um deputado, vereador que esteja aqui. Isso deixa claro uma coisa, que São Paulo em tese é menos conversadora e está divorciada do parlamento”. Imagina fora de SP. Para ler a entrevista na íntegra com a Soninha clique aqui. E com o Gianazzi aqui.

Se os políticos eleitos preferiram ignorar a existência da conferência regional, não foi o que fez a sociedade civil. Militantes ou não, quem esteve lá demonstrou inspiração. Minutos antes do almoço, formou-se uma mesa com lideranças de movimentos, noite e justiça. Sentaram para falar a respeito da Conferência: Claudia Wonder, Beto de Jesus, Marisa Fernandes e Adriana Galvão (CONADE). Entre lembrança e avanços da comunidade, uma frase de Marisa pôde resumir bem o sentimento de todos que lá foram, “não estamos pedindo nada, nós temos esses direitos. Falta-nos reconhecimento”. Foi fortemente aplaudida. Defenderam também educação voltada pra a diversidade sexual nas escolas, o fortalecimento da CADS e claro, união da militância GLBT.

Para finalizar, do começo ao fim, da fila do almoço, dos momentos para descansar e tomar um café… Em todos esses minutos, rolou conversas alheias e uma coisa foi comum escutar: o dividido movimento GLBT precisa se unir; as pessoas têm que prestar mais atenção em quem votam; é necessário eleger alguém não apenas um candidato pró-GLBT, mas também um LGBT de fato e que o parlamento e o mundo real andam cada vez mais separados. As pessoas não sentem vontade de acompanhar o mundo político e os legisladores também não sentem a necessidade de representar o que realmente importa, salvo raras exceções. Fora a crítica política, a Conferência Municipal GLBTTT de São Paulo está de parabéns no quesito organização, os materiais impressos ficaram ótimos. Os grupos de debates, apesar de cansativos, também produziram coisas interessantes e reais, e no final do evento a opinião geral era positiva. Ponto para a CADS e, que venham as outras conferências estaduais, nacionais…

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