Estreia hoje o Big Brother Brasil 10 – que bem poderia se chamar “Big Babado Brasil” e ser abreviado sugestivamente como BBD, de BaBaDo. A pergunta que não quer calar é: o que se pode esperar desta edição, que coloca dentro da “casa mais vigiada do Brasil” tantas pessoas com polêmicas já deflagradas antes mesmo do programa começar?
Pra nós do Blog Dê Jota, interessa citar @s LGBT. Pelo menos três d@s participantes declaram sua orientação sexual. Nesta décima edição, teremos a presença de Dicésar, maquiador e ator, famoso por sua personagem, a drag queen Dimmy Kieer, que promete levar seu arsenal de maquiagem para a casa para ajudar as mulheres na montagem. Segundo buxixos da internet, o participante já desperta simpatia e campanha com adesão de personalidades LGBT como as transformistas Salete Campari e Jane di Castro.
As lésbicas foram as primeiras a entrar na casa. Antes mesmo de serem apresentad@s @s nov@s participantes, Boninho já declarou que a primeira escolhida era uma lésbica assumida. Com tanto especulação rolando pela internet e nada no site oficial do BBB, a pergunta é: qual delas? A primeira suspeita recaiu sobre Ana Angélica, apresentadora de programa esportivo numa afiliada mineira da TV Record. Um amigo da moça declarou que ela é homossexual assumida e que tem “uma namorada linda”. Além de Ana Angélica, na rede rolam ainda especulações sobre duas outras participantes: A DJ e Doutora em Linguística brasiliense Elenita e a policial militar baiana Anamara.
Sobre Elenita, na última quarta-feira, durante um show da LanLan no Rio de Janeiro, uma fonte que se diz segura declarou para a nossa correspondente na Cidade Maravilhosa (Jota) que Lena é SAPA. Duas outras meninas, todas de Brasília, confirmaram a informação. Cá entre nós, a moça dá pinta, sim. Elenita é a dona da comunidade HOMOFOBIA JÁ ERA, na rede social Orkut, que conta com dezenas de milhares de membrxs. Um amigo dela, também DJ, que não quis se identificar, disse que “ela defende a causa, mas não é gay” (sic).
O portal Vooz, do Piauí, divulgou foto da baiana Anamara beijando outra moça, e no site do BBB já consta uma denúncia de agressão física contra a sister. Ela teria agredido a atual namorada do ex-namorado. Enfim, apesar de também dar pinta, as dúvidas ainda pairam sobre qual das três será a lésbica assumida do programa.
Já o paulistano Sérgio é figura conhecida pelo mundo da internet. Ele encarna o personagem Sr. Orgastic, surgido na festa Orgastica, em Sampa, e sob esse codinome publica videos acerca de diversos assuntos no youtube. Também é muito popular no formspring e no fotolog. Sérgio é gay assumido. Ele diz que pode até ficar com mulheres, eventualmente, mas que nem por isso se declara bissexual. “Sou bem resolvido nesse aspecto”, diz ele.
Não satisfeito com a sopa de letrinhas, Boninho está levando para dentro da casa uma dançarina que faz performances em boates. Eliane Kheireddine, mais conhecida como Lia Khey, 27 anos, também é professora de educação física e fez sucesso dançando em boates e eventos com roupas sensuais, como short, top e a parte de cima de biquíni – tipo dançarina de queijo, sabe? No site YouTube, há vídeos da morena arrasando com seu rebolado. Aproveitando o embalo, vai para a casa também o modelo Carlos, ou Kadu Parga que já posou para capa de revista gay. Para arrematar, a cereja do bolo: Michel é publicitário e produtor de sites pornográficos, várias vezes premiado com o que chamam de “Oscar” da indústria de entretenimento adulto, o Xbiz, nos EUA.
Parece que a Central Globo de Produção resolveu apostar mesmo nas questões de sexualidade para essa edição do Big Brother Brasil. No entanto, todas as vezes que uma personagem LGBT aparece em uma novela e ficamos esperando alguma cena de homoafeto explícito, a resposta da Globo vem no sentido de que a audiência, o público, ainda não está preparado. Ou então a justificativa vem pela rejeição, perda de pontos no IBOPE. Pode ser que essa edição do BBB jogue por terra essas explicações datadas. Pode ser também que as regras do jogo tenham flexibilizado por um lado (internet, presença queer etc) e endurecido por outro, no sentido de afastar as pessoas (fisicamente). Boninho já declarou que se tiver beijo gay, vai ser exibido sem preconceito e que dessa vez não haverá muros físicos separando duas equipes no início do programa, mas que os muros serão criados pelos próprios participantes, naturalmente.
O antigo quarto do líder passou a ser a casa 2, um loft em estilo retrô onde vai morar uma parte do time. A casa 1, a antiga, abrigará outra parte da galera e o quarto do líder. O quarto branco está de volta, ao fundo de uma garagem. No início será mais um quarto, “quase normal”, todo em preto e branco, mobiliado com camas de casal e de solteiro, mas que pode mudar a qualquer hora, conforme a definição de Boninho: “Não vou adiantar quando nem por que um ou outro pode passar umas noites lá”. O blog da produção diz que lá tudo pode acontecer. Tudo o que, cara-pálida?
E na academia, que desta vez é uma estufa de vidro climatizada, para dar mais conforto a sisters e brothers durante o verão em Jacarepaguá, um losango colorido lembrando as cores do arco-íris tem destaque bem no centro da parede, ao fundo. Lembra uma xana também, ou é fixação nossa?
A última novela das sete conseguiu fazer o ‘outing’ de dois gays sem que eles pronunciassem as palavrinhas mágicas: “mamãe, eu sou gay”. Cássio e André, para assumir o relacionamento, fugiram para a Europa. Estela e Catarina, em A Favorita, fugiram para Buenos Aires. Orlandinho foi convertido em hétero pela deliciosa Céu, na mesma novela, e a Leila da minissérie Cinquentinha também foi convertida à heterossexualidade, depois de tomar um golpe “boa noite cinderela”.
Alguém tem dúvida sobre o poder da mídia na construção da “realidade” brasileira?. A Rede Globo é especialista em criar realidades fantasiosas, que um monte de gente aceita como espelho de sua própria vida. Novelas, seriados e o próprio Big Brother Brasil são programas populares e muitas vezes assistidos em família, em grupo, entre amigas e amigos, e comentados no elevador, no caixa do supermercado, na casa lotérica. A televisão já banalizou guerras, violência, mortes e balas perdidas, portanto pode nos ajudar a naturalizar também a livre expressão das pessoas, inclusive a expressão sexual diferente da norma.
E então… o que podemos esperar dessa edição do BBB? Debate, bafão? Gente saindo do armário em rede nacional, ou se fechando ainda mais dentro dele, com medo das reações conservadoras? Demonstrações de homofobia dentro da casa? Fora da casa? Sexo explícito? Será que a produção vai colocar ar condicionado e edredon ou ventilador e lençol fino? Será que vamos nos surpreender e perceber que algum@ LGBT (ou mais de um/a) vai conseguir a simpatia do público e ficar até o final? E se isso acontecer, será pela aceitação ou pela diversão da caricatura estereotipada?
Façam suas apostas e fiquem de olho lá dentro e aqui fora!