A equipe da Universidade da Califórnia, chefiada pelo Dr. Binh Diep, do San Francisco General Medical Center, anunciou na última terça-feira, 15/1, que foi identificada uma nova bactéria (Staphylococcus aureus), mais freqüente em homossexuais de uma determinada região de São Francisco, Estados Unidos, resistente a múltiplos antibióticos, incluindo a metacilina (um dos mais poderosos).
A pesquisa que será publicada na edição de fevereiro da revista “Annals of Internal Medicine” tem por objetivo principal alertar sobre a possível disseminação da bactéria por toda a população americana. “Como a bactéria pode ser transmitida por contato com a pele, estamos preocupados com uma possível propagação na população geral”, relatou o médico Dr. Binh, em seu artigo, enfatizando a impossibilidade de deter a bactéria no caso de uma contaminação em outros grupos da população.
O estudo já encontrou casos da infecção em São Francisco, Boston e Nova Iorque. No podcast disponível no site da revista, o autor da pesquisa apresenta alguns fatores que ligam a bactéria com os homossexuais. O primeiro é que homens gays com o vírus do HIV foram os primeiros a manifestar a infecção. Segundo, a incidência da doença na cidade de São Francisco é maior em bairros onde a população homossexual é maioria. "A incidência geral da infecção resistente a remédios múltiplos em San Francisco foi de 26 casos por cada 100 mil pessoas. A incidência foi mais alta em oito áreas de código postal contíguas, onde há uma proporção mais alta de casais masculinos homossexuais”, explica o estudo.
Outros fatores apontados pelo estudo é que no caso de Boston, o rapaz confirmou que havia, recentemente, viajado até a cidade de São Francisco para manter relações sexuais com outros homens. Por fim, afirma o médico, a infecção se manifesta com abscessos nas áreas genitais e do períneo e nas nádegas. Aumentando o risco de contaminação por gays.
A bactéria não é nova. Era freqüente em infecções hospitalares e tende a ocorrer em pessoas mais debilitadas como idosos e doentes em cuidados especiais. Segundo explicou a médica Cristina Costa, coordenadora do Programa de Infecções Hospitalares Multirresistentes da Direcção-Geral da Saúde, ao jornal Correio da Manhã, de Portugal, a população gay por ser “imunodeprimida e com mais lesões cutâneas”, está mais propícia ao contágio.
Em 2005, pesquisadores apontaram que a infecção causou a morte de mais de 19 mil americanos, número superior aos casos de morte por conta da Aids, que totalizou 15 mil no mesmo período.
Apesar do alarde, especialistas da área que leram o artigo afirmam ser necessária cautela, já que se trata de um primeiro estudo. Como o próprio autor afirma no texto, a pesquisa foi baseada em dados das clínicas médicas e com base no Senso americano de 2000, sem uma apuração muito detalhada.
O que é?
A Sarm é uma bactéria comumente associada a infecções hospitalares, mas existem casos de infecções fora do âmbito hospitalar. Caso aconteça na pele, pode causar ferida e inchaço. Se penetrar o corpo pode causar pneumonia, doenças cardíacas e septicemia. A transmissão pode se dar pelo toque. Há registros de infecções nos glúteos e nos genitais.