O Estatuto da Juventude era pra ter sido votado ontem (04) na Câmara dos Deputados Federais. Mas, em uma ação protagonizada pelos deputados Anthony Garotinho (PR-RJ) e Jair Bolsonaro (PR-RJ), a votação foi derrubada e adiada para hoje (05). O argumento dos parlamentares é de que o estatuto continha temas ligados à questão da diversidade sexual com a intenção de deturpar a juventude.
Garotinho declarou que os parlamentares não podiam permitir que um estatuto que reconhece a juventude LGBT fosse aprovado. Para o deputado, o documento deve apenas "respeitar" os jovens homossexuais. O ex-deputado Renato Simões (PT) disse à reportagem de A Capa que é bem provável que o projeto seja aprovado, mas que ao invés de "reconhecer" deverá mostrar o "respeito à orientação sexual", como deseja a bancada evangélica.
Em seu Twitter, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) disse que a postura de Garotinho é "contraditória". "Reconhecer sem respeitar?", questionou. Wyllys também declarou que para estes deputados "não existe juventude LGBT e o jovem não tem sexualidade (pelo menos dentro da escola)". O deputado foi incisivo em sua crítica e disse que os parlamentares fundamentalistas "querem impor ao país uma visão preconceituosa acerca da juventude e da sexualidade".
Além do reconhecimento da juventude LGBT, outro tema causou polêmica com a bancada religiosa: a inclusão da sexualidade nos currículos escolares. Na manhã de hoje, a deputada federal Manuela D’ávila (PCdoB-RS) esteve em reunião com a bancada evangélica, depois com a Frente Parlamentar LGBT e, por fim, com o presidente da casa, Marco Maia (PT-RS). A deputada conseguiu garantir a votação do Estatuto da Juventude e manter o reconhecimento dos jovens LGBT junto com a questão da sexualidade nos currículos escolares.
Segundo o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Gabriel Medina, que está neste momento em Brasília acompanhando o trâmite do novo texto, a questão de combate à discriminação com jovens LGBT deve permanecer no texto, assim como o reconhecimento de tal juventude. Porém, a orientação sexual nos currículos escolares deve cair.
Em tempo: o Estatuto da Juventude foi votado e aprovado pelo plenário da Câmara dos Deputados Federais. Agora segue para o Senado. O deputado Jean Wyllys comemorou a aprovação do Estatuto em seu Twitter. "Aprovamos o Estatuto garantindo os nosso pleitos (LGBT)", comemorou o parlamentar.