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Banda paulistana Misericórdia Bernadete arrasa no pajubá e brinca com gírias gays; Assista a clipes

Os paulistanos do Misericórdia Bernadete são desconhecidos do grande público, mas com certeza vieram para dar um novo ar ao cenário de bandas independentes. Divertido e original, o grupo, formado em sua maioria por atores que se escondem atrás de pseudônimos, não tem medo de usar e abusar do pajubá, linguagem popular entre os gays.

Até agora, o Misericórdia lançou apenas dois clipes e, como plataforma de divulgação, escolheu o YouTube. O primeiro vídeo, "J´Adore", brinca com a sonoridade das rimas e frases repletas de gírias, como "Senta e reza, descobri quem dava a elza" ou "não sou beata, sou caricata".

Já o clipe de "Não Faz" tem um belo acabamento visual e uma melodia que gruda no ouvido. O trecho em que os oito integrantes constroem uma nova roupagem para o hit "Dancing Queen", do Abba, é simplesmente hilário. O resultado você poderá ver no final desta matéria.

O site A Capa conversou com os dois mentores do Misericórdia Bernadete, os vocalistas Marcelo Diaz (foto) e Fábio Ock, para entender as origens e saber dos rumos da nova banda que, com poucos recursos e muitas (boas) ideias, tem tudo para emplacar e surpreender.

De onde veio a ideia desse nome tão curioso, Misericórdia Bernadete?
Marcelo Diaz:
Procurávamos um nome que tivesse uma piada, então o Fábio Ock contou uma história de duas velhinhas que conversavam, uma falava e a outra ouvia, no final do papo uma delas soltou: "Misericórdia, Bernadete!" Fechei na hora e disse para o Fábio: esse é o nome!

Que influências o grupo carrega para sua sonoridade?
Fábio Ock:
Quando começamos a fazer as primeiras músicas, a preocupação era descobrir quais ritmos e sonoridades cada letra pedia. Quando o Casquete [Marcelo Diaz] mostrou as primeiras letras, tinha algo de Ramones, na divisão rítmica, na velocidade, no grude das melodias. Partimos daí. Nosso som tem muito do punk, principalmente na irreverência desse estilo. Tem um pouco de Violent Femmes, Beatles, Mutantes, tem um passeio na soul music, Stones. Basicamente rock.

Vocês usam e abusam do pajubá nas letras de suas músicas. Alguma homenagem específica ao universo gay?
Marcelo Diaz: O uso do pajubá e gírias gays não deixa de ser uma homenagem a esse público, pois eles são com certeza nosso alvo também. A ironia, o humor e o deboche fazem parte desse universo… 

Qual é o espaço que bandas novas e independentes devem ter no mercado hoje? Como elas podem sobreviver à concorrência?
Fábio Ock: Hoje se tem muito mais espaço do que antigamente. O que tem que analisar é qual espaço a banda quer. Quer ser restrito a um publico seleto? Quer a grande mídia? Hoje tem espaço pra todo mundo. Basta buscar o seu. Claro, sempre pensando em fazer um som digno e autêntico. Concorrência? Pra que concorrência? O Misericórdia não nasceu pra concorrer com ninguém. Fazemos nosso som e as pessoas gostam. É isso.

Seis dos oito integrantes são atores. Isso ajudou na hora de formar a banda e divulgá-la?
Marcelo Diaz: Ajudou no sentido de já termos uma afinidade de palco e de vida bem anterior a este projeto. E os dois que não são atores são da família, minha irmã Michele Diaz (Poli Shelby) é a baterista e o Kleber Melo (Bob Gordini) é irmão do Fábio. Com certeza sermos em oito ajuda na divulgação… Nosso primeiro vídeo no YouTube chegou a 1000 acessos em uma semana.

Pode me falar um pouco sobre a gravação dos dois clipes?
Fábio Ock:
A maioria da banda vem do teatro. E lá a gente aprende a fazer com o que tem. E tenta fazer bem feito. Acho que é isso que dá pra ver nos nossos dois primeiros clipes. Pouco recurso e muita ideia. E afinal de contas, pra que serve um videoclipe? Não é pra transformar a música em imagem? Hoje nossa música tem essa imagem. Daqui a dez anos talvez tenha outra. Somos simples porque é o que podemos ser. Se um dia pudermos sofisticar, por que não?

Em "Não Faz", vocês brincam com um trecho da música "Dancing Queen", do Abba. Pode-se dizer que o grupo sueco é uma grande inspiração para a banda?
Marcelo Diaz:
Eu não acho que seja para o grupo, mas é uma influência em nossas vidas. É sempre uma delícia dançar as músicas deles. Coloquei aquele trecho de "Dancing Queen" porque senti que faltava uma piadinha final, tudo para dizer "Não faz a Abba" (risos).

Vocês utilizam o YouTube para divulgar seu trabalho. Como veem essa ferramenta? Ela ajuda?
Fábio Ock:
É uma ferramenta incrível. Eu, particularmente, sou apaixonado. Hoje, cada ser humano pode ser a sua própria emissora de ideias. É o que a gente tá fazendo. Colocando nossas ideias no tubo! E não só o YouTube. O Myspace também. É obvio que a gente encontra muita coisa ruim também. Mas a vida não é assim? Cheias de coisas boas e ruins? O lance é ficar nas coisas boas. Espero que o Misericórda esteja entre as coisas boas! Amém!

Como está a agenda de shows? A banda é bastante nova ainda, não? Já planejam apresentações?
Marcelo Diaz:
Vamos começar com uma turnê pela Europa, o bom circuito Londres-Paris (risos). Brincadeira… Ainda estamos acertando, já existem algumas possibilidades, mas ainda não batemos o martelo.

O que pretendem dizer com suas músicas? Me pareceu uma grande e deliciosa brincadeira…
Marcelo Diaz: Nossas músicas são realmente uma deliciosa brincadeira. Queremos divertir, não esperem muito conteúdo da gente, somos debochados, irônicos e rogamos umas praguinhas (risos). E somos um pouquinho politicamente incorretos também…

Vocês também não usam seus próprios nomes e se escondem em pseudônimos. Essa escolha foi proposital?
Marcelo Diaz: O lance de usar pseudônimos é que não dá para desprezar o fato de sermos atores, então veio essa ideia que poderá ser muito rica na hora de montar um show, por exemplo.

Como é ter uma banda com tantos integrantes? Isso gera muita discórdia e disputas internas?
Fábio Ock:
Acho que não teremos problemas mais sérios com isso, já temos uma afinidade anterior, mas isso só o tempo dirá…

Assista ao clipe de "J’Adore":

E abaixo ao clipe de "Não Faz":

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