Já começo o artigo com uma pergunta polêmica que surgiu, previsível, em uma mesa de bar, mas não qualquer bar e, sim, um freqüentado predominantemente por lésbicas: bar é lugar para criança?
Embora eu seja gay, tenho uma grandessíssima amiga lésbica e, como estamos simultaneamente solteiros, tenho freqüentado bares para meninas e ela bares para meninos em uma “troca de favores”. Dia desses, em um bar, vimos na mesa ao lado duas mulheres e uma jovem de uns 12 anos as acompanhando, e aparentemente – digo isso porque não fui lá perguntar -, parecia um casal de meninas acompanhado da possível filha de uma delas.
A cena repercutiu de diversas formas na mesa em que eu estava, de opiniões favoráveis a expressões horrorizadas. Observei e pensei: “se fosse um bar hétero na beira da praia, ninguém se incomodaria com a menina sentada à mesa tomando sorvete, enquanto o pai e a mãe bebericavam cervejas e aperitivos, ou então em um almoço de família onde todo mundo ultrapassa os limites do vinho e a criançada se diverte com aquele tio avô, que fica de bochechas rosadas e ninguém vê problema”.
Enfim, pensei que talvez o preconceito esteja também em nós que sentimos uma inadequação em levarmos nossas crianças a ambientes gays/lésbicos ou talvez seja porque carregarmos incrustado em nosso inconsciente a imagem de “gueto”, feio e errado, que, equivocadamente, a sociedade tem desses estabelecimentos.
E você tem filhos? Leva ou levaria em bares para gays e lésbicas?
* Tiago Carzetta é professor universitário, especialista em educação e colaborador do site Diversidade Global (www.diversidadeglobal.com).