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Bethânia e o jornalismo nivelado por baixo_

Na semana passada foi divulgado o fato de que a cantora Maria Bethânia tinha sido liberada pelo Ministério da Cultura para captar 1,3 milhões de reais para a produção de um vídeo blog, onde poemas serão transformados em vídeos com direção do cineasta Andrucha Waddington (Casa de Areia). Este caso revela como um título mal intencionado pode levar a construção de uma não verdade; de como o grande público desconhece os mecanismos e leis de incentivo para cultura e de que com boa parte das pessoas não passam do enunciado.

O jornal Folha de São Paulo soltou reportagem com o título “MinC libera R$1,3 milhão para Bethânia fazer blog”. Ao ler a chamada logo de cara entendemos que a cantora ia receber a citada quantia para  fazer um blog. Mas, ao lermos a matéria descobrimos que não é um blog e sim um projeto cinematográfico que visa transportar 365 poemas para 365 vídeos. Ou seja, não é sentar e escrever e sim filmar, editar e tudo o mais que envolve tal produção.

A matéria se transformou num viral e correu toda a internet. Maria Bethânia ficou em segundo lugar nos Trends Topics do Twitter. Não se falava em outra coisa: o blog milionário da Bethânia e até um blog satirizando a cantora foi construído. Muitas pessoas, por conta da matéria mal intencionada e da falta conhecimento político burocrático, pensaram que a cantora fosse receber o valor, mas não, Bethânia foi liberada para fazer captação junto de empresas privadas e públicas, que, ao incentivarem projetos aprovados pelo MinC tem o imposto reduzido.

Mas a coisa não parou por aí. E o jornalismo nivelado por baixo tomou conta. Outros grandes portais saíram a reproduzir a matéria da Folha. Nenhuma delas foi entrevistar as pessoas envolvidas, simplesmente repetiram e pior, com o mesmo tom debochado que havia na matéria original.  Optou-se pela falta de respeito com a cantora que faz parte da historia do Brasil e para com o projeto de Bethânia, que visa valorizar o poema, gênero literário tão esquecido nas escolas e nas prateleiras de livrarias. Isso ninguém discutiu.

Vale lembrar que o mesmo jornal há duas semanas veiculou reportagem sobre o ator Charlie Sheen que vivencia momento tenso em sua vida. A reportagem dizia que o ator havia declarado que consumia até sete pedras de crack por dia. Algumas horas depois, um internauta pegou a matéria original e traduziu e descobriu que a reportagem tinha cometido um equivoco na tradução. Descobriu-se que o ator não havia citado a palavra crack uma vez sequer. Posteriormente, não houve nenhuma declaração do jornal.

Alem de tudo isso, o engraçado é lembrar que em 2006 o MinC liberou R$9,6 milhões para o Cirque du Soleil e ninguém bateu o pé como estão batendo com o caso da Bethânia…

Quer saber? R$1,3 milhão para Maria Bethânia é pouco.

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