Covarde, biscate, promíscuo, indeciso, sem vergonha, estes são apenas alguns dos adjetivos atribuídos aos bissexuais.
Como se não bastasse o preconceito já conhecido dos héteros que não aceitam o comportamento homossexual, os bisssexuais sofrem também com o preconceito existente dentro da própria comunidade LGBT.
O estudante de história Zeff Guedes, morador de São Paulo, acredita que boa parte do preconceito se dá pela necessidade dos gays quererem que os seus iguais saiam do ármário.
"Os gays acham que estamos em cima do muro como se fosse covardia, já que eles enfrentam preconceito todos os dias. Já os heteros não se incomodam de você ser bi ou gay, para eles todos são ''viados'', o que é horrivel,mas é bom lembrar que quem questiona a tal da bissexualidade são os próprios gays. Meu ex, por exemplo, não acreditava que eu era bissexual, achava que eu não me aceitava, que não conseguia apenas dizer que eu era SÓ gay, para ele. eu dizer que gostava de mulher era um pretexto pra passar uma imagem menos afeminada. O que não faz sentido nenhum", contou Zeff.
Para Aline Santana Motta de Manaus, o maior problema quando uma pessoa se assume bissexual é que automaticamente as pessoas acham que não da para se ter um relacionamento monogâmico com alguém que é bi.
"Acham logo que é tudo bagunçado, que você vai sair agarrando qualquer um sem ser seletiva ou que será trocado por um pessoa do sexo oposto". Ela explica que relacionamento monogâmico depende do casal: "Tenho amigos héteros que namoram moças e não se importam que elas fiquem com outras moças. Mas no meu caso se eu fosse ter um relacionamento teria que ser monogâmico, se não for assim eu nem quero". Quando o assunto são os héteros a parte mais focada é o ménage: "Acreditam que todo bissexual jé tiveram essa experiência ou estão abertos a essa experiência, e não é bem assim", pontua Aline.
Lua Londine, tem 24 anos, é ator e vive em São Paulo, para ele o preconceito sofrido dos bissexuais vem de todo lado:
"As pessoas te olham diferente quando descobrem que você é bi, "Ele nao sabe o que quer da vida" "ele beija todo mundo" Quando na real eu posso muito bem curtir homens, me apaixonar por um e sentir vontade de beijar uma mulher ou sentir um desejo por ela. Mas isso não influencia em nada, é uma questao de desejo e atração e não uma confusão mental como normalmente as pessoas pensam. É bom frizar que ser bi não é um carnaval", ressalta Lua.
Thaisa Sedlmaier de Cuiabá – Mato Grosso, acredita que o preconceito é muito presente dentro do emio LGBT:
"Somos silenciados a todo instante. Eu não me importo com nomenclaturas de preconceito, mas nomearam isso de bifobia e muita gente prega que isso não existe. O bi é mal visto porque acreditam que quando ele está numa relação monogâmica haverá traição com alguém do sexo oposto, como se ser bi fosse sinônimo de não poder ficar só com uma pessoa. As lésbicas nos diminuem por gostarmos de pênis, costumam nos achar nojentas. Nos chamam de "vetor de DST" por ter vida sexual com ambos os sexos. Acham que só temos interesse em pegação, que somos promíscuos e nos tratam com muito desrespeito. Piora quando se trata de uma pessoa não monogâmica que é meu caso, me acham podre e se recusam até a terem um vínculo de amizade. Já com homens héteros tem a questão de acreditarem que toda mulher bi sonha e está disposta a fazer um menage. Não é um problema querer experimentar, o complicado é chegarem numa mulher bissexual e de cara fazer uma proposta dessas, como se tivesse o mesmo peso de dar bom dia.
Eu inclusive não fico com homens principalmente por isso", desabafa Thaisa.
Dito tudo isso, cabe a nós a reflexão, seja você gay, lésbica, travesti ou transexual, sabe muito bem o que é sentir na pele o julgamento por ser considerado diferente. Não faz nenhum sentido julgar o próximo pelos mesmo motivos, não é mesmo?
E antes que alguma das partes venha com o discurso do "mas a minha sigla sofre muito mais que os bi", vale lembrar que não se trata de uma competição. Todos tem direito a espaço e respeito. Beijos de luz!
