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Cábala judia na Espanha medieval inspira até Madonna hoje

Poemas místicos da cábala espanhola do século XII seguem encantando o mundo e a comunidade LGBTQIA+
Cábala judia na Espanha medieval inspira até Madonna hoje

Poemas místicos da cábala espanhola do século XII seguem encantando o mundo e a comunidade LGBTQIA+

Você sabia que a cábala judaica, aquela tradição mística que Madonna segue e que fascina milhões, teve sua época de ouro na Espanha do século XII? Um recente estudo do poeta e estudioso americano Peter Cole revela como essa rica tradição espiritual nasceu e floresceu em territórios espanhóis como Guadalajara, Gerona, Zaragoza e até Málaga, antes de se espalhar pelo Mediterrâneo e atingir lugares tão distantes como o Iêmen e Israel.

Uma viagem poética e mística que atravessa séculos

O coração da cábala está em seus poemas místicos carregados de simbolismo, erotismo e um mistério que ainda provoca fascínio. Um exemplo é o poema Quem me beijou?, do poeta judeu iemenita Shalom ben Yosef Shabazi, que teve sua origem na tradição hebraica andaluza. Esses versos, que falam de um amor intenso e quase divino, foram reinterpretados por artistas modernos, da cantora yemenita Ofra Haza à própria Madonna em sua turnê Paradise/Confessions em 2006, passando pela cantora trans israelense Dana International, ícone da comunidade LGBTQIA+.

Essa linha poética e espiritual, nascida na península ibérica medieval, embarcou em uma jornada que conecta passado e presente, tradição e cultura pop, espiritualidade e ativismo.

Cábala espanhola: raízes profundas e relevância contemporânea

Peter Cole destaca que a cábala não é um movimento oficial do judaísmo, mas sim uma tradição esotérica que incorpora uma pulsão sensual e a união simbólica do masculino e do feminino, especialmente evidente nas celebrações do Sabbath. Poetas como Moisés de León, possivelmente autor do Zohar — o texto mais sagrado da cábala —, e outros como Ibn Gabirol e Yehuda Halevi, são figuras centrais desta corrente que floresceu na Espanha antes da expulsão dos judeus em 1492.

Após a expulsão, essa rica herança literária migrou para lugares como Palestina (atual Israel), Turquia e Grécia, mas sua origem espanhola é fundamental para entender sua profundidade e beleza.

Espiritualidade, ativismo e identidade

Além de poeta e estudioso, Cole viveu mais de quatro décadas em Jerusalém e hoje atua como professor em Yale, nos EUA. Ele revela sua paixão pelo mistério da cábala, mas também sua preocupação com o cenário político de Israel. Para ele, a cultura judaica — e suas tradições místicas — correm risco diante do avanço de correntes políticas conservadoras, e seu trabalho literário atua como uma forma de resistência e ativismo.

Essa mistura de misticismo com engajamento político e cultural ressoa especialmente com o público LGBTQIA+, que busca na espiritualidade caminhos de autoconhecimento, resistência e celebração da diversidade.

Por que a cábala fascina até hoje?

Apesar de textos com séculos de idade, a cábala continua despertando interesse mundial, inclusive entre grandes artistas e buscadores espirituais. Segundo Cole, a cábala abre um espaço interior profundo, que permite que a alma não se resseque e que a vida ganhe novas camadas de significado. Essa busca por algo além do material, pelo mistério e pela união dos opostos, faz com que a cábala seja uma ferramenta poderosa para a introspecção e a transformação pessoal.

Para o público LGBTQIA+, que muitas vezes busca integrar corpo, espírito e identidade em uma sociedade que ainda discrimina, essa tradição oferece um convite libertador: a celebração da sensualidade, do amor e do mistério como caminhos sagrados.

Uma herança viva que atravessa fronteiras

A cábala espanhola do século XII não é apenas uma relíquia histórica, mas uma corrente viva, que atravessa tempos e culturas, e que continua a ecoar em vozes, músicas e poesias contemporâneas. Seja nos versos antigos que falam de encontros divinos, seja nos palcos onde Madonna e Dana International a interpretam, ela reafirma o poder da espiritualidade de nos conectar com nossa essência mais profunda, celebrando a diversidade e a liberdade.

Essa é uma história de resistência, beleza e luz que merece ser conhecida e celebrada, especialmente por quem busca um caminho autêntico de identidade e fé no mundo atual.

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