Há muito tempo venho desejando escrever sobre lésbicas com intuito de estimular uma discussão sobre a temática entre as mulheres. E agora consegui.
Como primeiro texto, quero enfatizar algo que realmente odeio. Esta palavrinha aí, que todo mundo diz, lésbica. Como é feio, né? Por que os homens são chamados de gays enquanto eu sou uma lésbica? Além de ter um poder muito depreciativo, pelo menos eu vejo assim. Sabia que eu poderia me denominar sáfica?
Mas continuo odiando o termo. Além de outros substantivos destinados a nós: sapatão, bolacha, fancha etc. E ainda tem aquelas designações baseadas na aparência física ou comportamento: caminhoneira, lady, bofe. Que coisa! A verdade da verdade é que odeio muito mais estas seguintes qualificações: ah, eu sou isto; ah, eu sou aquilo. Pô, caramba, acima de tudo eu sou ser humano e existe coisa mais incrível que isso?
Nessa busca de adjetivar no mundo o que sinto por mulheres, me rendi aos homens. Você é o que, falando sexualmente? Oras, sou gay e pronto. Simples e fácil.
Gosto de ficar na minha, sossegada, porque esse processo de ter que levantar uma bandeira para algo ou para alguma coisa no mundo não faz parte de minha personalidade. Ai, ai… Melhor deixar quieto, né! (vale ressaltar aqui que escrevo pelo prazer da escrita, sem ser ativista – desejo super, hiper, mega e master contraditório, já que quando alguém escreve para outro ler é com intuito de fazer com que ele opine sobre seus conhecimentos, logo você está sendo ativista de uma informação).
Independente da orientação sexual, do gosto por certo tipo físico ou ainda a forma como esta sociedade nos enxerga e denomina, o importante é existir amor entre duas pessoas.
Gay, hétero, bi deveriam conviver pacificamente na sociedade e entre as pessoas – já que sabemos que até entre os próprios gays há preconceito uns com os outros e por vários motivos. Talvez seja ilusão o que proponho? Não, realmente não! Por que na Holanda posso fazer sexo no parque depois das 20h sendo que do meu lado pode também estar outro casal hétero realizando o mesmo ato? E você acha que eu vou perder meu tempo olhando o que o outro está fazendo enquanto estou em um envolvimento incrível?
Algo que todo mundo enxerga como depreciativo, amoral, vejo que ali existe um sentimento sublime, leve, delicado e delicioso, mesmo eu sendo intitulada por meio de uma palavrinha que não me desce a goela. Por que não recolocamos em prática em nossas vidas a tolerância e o respeito à diversidade? Tanta coisa seria melhor…
Quero só perguntar uma coisa: Qual seria a graça do chocolate quente se todos gostassem de café? Meu desacerto com a palavra lésbica pode não ser para outra mulher. Então qual é seu paladar sexual: bi, gay, lésbica? O meu será daqui pra frente: gay.
* Má Palas, 24 anos, mineira-paulista. Quase formada em Sistema de Informação. Articulista do blog http://gentesemnocao.blogspot.com/ e do flickr http://www.flickr.com/photos/gentesemnocao/.