Diversas barracas, apresentações de vários estilos musicais e manifestações e artísticas, pessoas de todas as raças, cores, orientações, identidades, etnias, idades. Com esta diversidade, a Feira Cultural LGBT, que teve sua nona edição ontem, no Vale do Anhangabaú, torna-se cada vez mais importante dentro do cenário LGBT do país, chamando um público cada vez maior e mais cativo.
O Dykerama conversou com algumas meninas que estavam presentes na feira e perguntou, dentre Caminhada Lésbica e Parada, o que elas preferem e em quais das duas pretendem ir este ano.
A baiana Ana Paula e a paulista Nina, ambas de 42 anos, namoram há 6 meses e disseram estar amando a Feira. Nina sempre veio e curtiu, então trouxe a namorada. Sobre a Parada, ambas concordam que é importante politicamente, que é um movimento que impressiona pela sua força. Nina já foi à parada de Boston, que já chegou a ser a maior do mundo, e afirma que ela não tinha tanta força quanto a daqui. Com relação às pessoas que dizem que a Parada está virando baixaria, falam que este preconceito sempre vai existir, em qualquer lugar, pois todo movimento deste porte incomodará, principalmente homossexual. Tanto Nina como Ana Paula acreditam que realizar uma caminhada lésbica separadamente é importante e pretendem ir ao evento no sábado, mas discordam quando se fala da separação Lésbicas/Gays. “Gay é gay, tanto homem como mulher”, diz Ana Paula.
Já Silvana e Neusa, de 51 anos, pretendem ir a todos os eventos, porém na Parada só ficam no começo e vão embora, por achar que fica muita bagunça. Elas gostam de participar mesmo é da Parada de Campinas, que é menor, aonde inclusive vão fantasiadas. Concordam com a realização de uma Caminhada Lésbica, pois aumenta a visibilidade, já que na Parada quem aparece mesmo são os gays e travestis.
As duas já assinaram um Contrato de União Estável e acreditam que nos últimos anos houve muito progresso com relação aos direitos LGBT, mas que nós lésbicas ainda temos que dar mais a “cara para bater”. Silvana, que é funcionária da Universidade de São Paulo, diz que se sente muito mais respeitada no trabalho desde que assumiu publicamente sua orientação sexual. Participam de um grupo chamado “Toca da Aranha”, que promove encontros entre lésbicas, e curtem tanto o grupo que chegaram a tatuar, as duas, uma aranha na panturrilha.
Katiane, 22, freqüenta as atividades da Semana do Orgulho Gay anualmente porque é uma forma de reivindicar pelos direitos dos homossexuais. Ela e as amigas não sabiam que existe a Caminhada Lésbica e não se sentem representadas na Parada do Orgulho Gay. Karina, 23, e Pricila, 24, partilham da opinião de Katiane, mas não vão estar na Parada no próximo domingo; afirmam que o evento já foi bom e hoje em dia tem muita “baixaria”.
Percebe-se que, a cada ano, a Caminhada Lésbica ganha força e a Parada divide opiniões apesar de sua magnitude. Será que a Parada tende a virar um evento mais masculino do que já é, enquanto as meninas migram para a Caminhada? Só saberemos com o tempo.