Desde que o tema da campanha de Combate à Aids foi divulgado, com foco na população jovem e gay masculina, surgiram inúmeros boatos de que a Frente Parlamentar em Defesa da Família teria de aprovar o material de divulgação. Quando tal fato veio a público, o ministro da saúde, Alexandre Padilha, desmentiu dizendo que uma campanha de saúde não pode se basear em valores teocráticos.
Pois bem. Hoje, então, foi divulgado o vídeo institucional do Ministério da Saúde de combate à Aids. Além de ter um discurso confuso, que não diz à que veio, os jovens gays não estão presentes. E pior, a Aids é tratada como se fosse um sujeito, que não tem preconceito e atinge a todos.
O vídeo inicia mostrando um jovem aparentemente heterossexual, com uma narração de fundo questionando: "você é? Ele é". Na sequência são mostrados dois jovens supostamente gays, já que o vídeo apresenta dois rapazes com ares afeminados. O narrador diz que eles "não são". Na terceira cena nos deparamos com um belo rapaz, ficamos na dúvida se é gay ou não, e a narração desta vez afirma: "ele é, mas esconde que é". O estereótipo do rapaz também foi pensado para confundir, nem muito másculo nem feminino.
O vídeo apresenta vários tipos de pessoas com a mesma pergunta e resposta. Para, no fim, perguntar: "e você, é? Você é preconceituoso?". A todo momento o vídeo está tratando de pessoas que assumem e outras que escondem o seu preconceito em relação à Aids.
Além de ter um texto confuso e mal desenvolvido, o vídeo traz outro problema: ser todo baseado em estereótipos. Por exemplo, quando diz que o casal não é, assistimos dois jovens gays afeminados, mas não sabemos se eles são gays. Nos baseamos em símbolos repletos de preconceito para deduzir tal fato. Se a ideia da campanha era falar contra o preconceito em torno da Aids, errou feio a se basear em tipos que historicamente são vistos como "vulneráveis" ao contágio do HIV.
O resta é a seguinte pergunta: será que a campanha realmente não passou pelo crivo da Frente Parlamentar em Defesa da Família?