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Candidatos a Mister Gay participam de aula sobre homofobia

Os 20 candidatos a ocupar o posto de Mister Gay, concurso que acontece na noite da próxima segunda-feira (07/09), participaram por volta das 15h do último sábado (05/09), no Royal Jardins Boutique Hotel, onde estão hospedados, de uma mini-aula sobre homofobia e termos usuais da militância.

Em determinado momento, os meninos começaram a falar ao mesmo tempo. Eles estavam sendo observados e precisavam dar a sua opinião, mesmo que preconceituosa e Eduardo Cardoso, da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual (Cads), erguia as sobrancelhas, espantado. "Nunca mais use o termo homossexualismo, ok?"

"Mister tem que sorrir, vocês têm que mostrar a parte boa de ser gay", começou Eduardo enquanto os candidatos ainda escolhiam o melhor lugar para se acomodar. "Todos os critérios do Mr. Gay são para provar que os gays estão em todos os espaços e regiões", assinalou. Alguns meninos faziam bicos e caretas sérias, outros mascavam chiclete ou davam uma piscadela para a reportagem de A Capa.

Sem se incomodar, Eduardo continuou. "Hoje dei um Google para a palavra gay, vocês sabem o que apareceu?" Silêncio. "Go-go boys, sexo e ícones gays como Hugh Jackman". Todos riram. "Temos que quebrar este estereótipo, porque gay não é aquele que transa com outro homem, tem outros sentimentos envolvidos, tem a questão da identidade", complementou.

Nesse instante, houve uma pausa para que um dos organizadores do Mr. Gay desse um recado. "Vocês estão sendo avaliados pelo Marcelo Cia, que é editor da revista Junior".  Os meninos ficaram tensos. E agora? Eduardo continuou a explicação. "Quando você fala que é gay, assume tudo de ruim do estigma gay, você tem que ser o mais heterossexual possível para ser um gay aceito".

Segundo o representante da Cads, não adianta fazer Parada se não tiver lei contra homofobia. "As pessoas ainda não se sentem mal por fazer piadinhas de gays", comentou.  Foi nesse momento que um dos candidatos se manifestou, era o mister Distrito Federal, Bruno Maffei, 21 anos. "Todos os gays deviam se assumir, assim a sociedade mudaria mais depressa". Era uma bela colocação e os outros não podiam deixar barato.

Antes, no entanto, Eduardo dicursou sobre o preconceito no trabalho e o dos próprios gays contra os mais efeminados. "Onde estamos errando?" disse.  "Infelizmente, ainda precisamos sentir na pele o preconceito dos outros", pontuou o mister Minas Gerais, Giovanni Rodrigues, 30 anos. "Eu sofri preconceito em um bar. Na hora me levantei, fui até o balcão, chamei a gerência e depois fiz uma denúncia", se orgulhou o mister Rio Grande do Sul, Igor Neves, 22 anos. "É Isso mesmo que tem de ser feito", disse Eduardo. "Mas muita gente tem medo de ir até uma delegacia", completou.

"A luta contra o preconceito tem que começar na escola. O homossexualismo (sic) não é uma opção", disse o belo loirinho com traços angelicais e mister Espírito Santo, Thalys Podolsky, 18 anos. Depois disso não foi possível entender mais nada, todos falavam ao mesmo tempo coisas distintas. Eduardo interrompeu. "Gente, lembrem-se de não falar opção sexual, homossexualismo e utilizar a sigla LGBT daqui pra frente".

Na sequência, os candidatos foram divididos em grupos de cinco pessoas e organizaram uma apresentação. Na frente de todos, uns falaram mais do que deviam e não permitiram que os outros se expressassem. "Vou ter que tirar ponto de quem falou demais", disse Marcelo Cia. Durante a apresentação do seu grupo,  o mister Mato Grosso, Thiago Silvestre, 23 anos, encenou o que para ele seria uma bicha afetada e recebeu os olhares curiosos do representante da Cads, que virou as costas. Se a missão não tinha sido cumprida, não era sua culpa. Ele tinha tentado. 

Serviço:
Concurso Mr. Gay 2009
Segunda-feira, dia 7/09
Horário: A partir das 20h
Local: Teatro Santo Agostinho
Rua Apeninos, 118 – Vergueiro – SP
Ingressos: R$  20,00

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