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Candidatos gays a vereadores de São Paulo prometem brigar por direitos na Câmara

A quatro dias das eleições municipais, um encontro histórico aconteceu na noite desta última quarta-feira (01/10) em São Paulo. Os cinco principais candidatos LGBTs da cidade – Jacque Chanel (PMN), Kaká di Polly (PTN), Léo Áquilla (PR), Marcos Fernandes (PSDB) e Salete Campari (PDT) – reuniram-se para participar de um debate com a finalidade de apresentar as propostas e discutir os principais pontos das candidaturas. É a primeira vez que a capital paulista registra um evento deste tipo.

Com presença de cerca de 200 pessoas, o debate começou por volta das 22h no Bill Pizza Bar e teve intermediação do Bill, proprietário do estabelecimento. No início, cada candidato teve 4 minutos e meio para se apresentar e falar de suas propostas.  Depois foram abertas as rodadas de perguntas de jornalistas representantes dos principais veículos de informação GLS – A Capa, Dykerama, G Magazine e Mix Brasil. Nesta etapa, as respostas tinham que ser dadas num tempo de 1 minuto e 30 segundos.

Um dos momentos de maior empolgação girou em torno da polêmica frase de Léo Áquilla sobre drag-queens serem  "palhaços de luxo". "Não é um palhaço no sentido pejorativo. Mas ainda assim não acredito que um palhaço, mesmo de luxo, deva ocupar um lugar na Câmara. Adoraria candidatar minha personagem, mas depois o eleitor vai cobrar quem se a personagem vive dentro de uma bolsa?", questionou Léo.

As afirmações foram posteriormente rebatidas por Salete que afirmou sentir "orgulho" de ser um "palhaço de luxo". "Foi vestido de mulher e com uma peruca que eu consegui minha casa, meu carro e tudo o que tenho. Quero mostrar que mesmo com a cara pintada como um palhaço eu vou enfrentar o preconceito na Câmara", afirmou.

Técnica e boa vontade
Jacque Chanel mostrou-se empenhada em deixar claro que contribuiria com sua experiência e história de vida se conseguir uma vaga na Câmara. Respondeu a questões de leitores do A Capa sobre sua atuação no Autorama – estacionamento anexo ao parque do Ibirapuera e ponto de pegação e sociabilidade homossexual -, dizendo que  fez questão de não usar o local como ponto de sua campanha, mas que sua luta pessoal e militante pelo lugar continua mesmo se não eleita.

Jacque não se saiu muito bem ao responder pergunta sobre a pretensão de unir projetos de saúde para mulher às questões de travestis e transexuais. Considerou que um projeto que privilegia o segmento "TT"’ automaticamente irá favorecer as mulheres, até porque "existem mulheres lésbicas" e assim elas estariam contempladas.

Sinceridade
Kaká Di Polly protagonizou um dos momentos mais sinceros da noite. Diz não saber o que fazer com os santinhos que estão "atolando" sua garagem e afirmou ter sido sua campanha uma das menores, em relação aos outros candidatos. "Não sou política e não sei fazer política. Estou aqui para aprender. Quando recebi o convite do PTN para me candidatar perguntei para Beto de Jesus o que ele achava e ele disse ‘aceite, porque só a visibilidade que você trará para nossa comunidade será algo muito importante’", contou.

Emocional
Léo Aquilla foi responsável pelo lado lúdico do debate. Falou sobre seu projeto de levar às  salas de aulas do ensino fundamental a disciplina de Inteligência Emocional para tratar de amor. "Um tema pouco falado e uma matéria que deveria estar na formação do indivíduo. Tive essa aula na faculdade e sai chorando da sala todas as vezes".

Questionado como pretendia convencer outros parlamentares a votarem a favor de projetos pró-LGBT Léo disse que fez questão de entrar num partido que tivesse um grande número de políticos eleitos. Admitiu, no entanto, que a briga será difícil. "É preciso mais de uma andorinha pra fazer um verão brilhar nas nossas vidas".

No final, falou que não há como nenhum candidato garantir que vá fazer passar uma lei pró-LGBT, e que a garantia é que todos candidatos gays brigarão pela mesma causa. Ao término de sua apresentação pediu desculpas a Salete pelo "mal entendido" em relação à polêmica frase do palhaço.

Conservador?
Questionado como levaria a pauta gay para dentro de um partido como o PSDB com um candidato com a imagem "conservadora" como a do Alckmin, Marcos Fernandes se saiu muito bem. Tinha alguns trunfos na manga como a participação do prefeituravel no lançamento de suas propostas LGBTs, a criação da CADS durante a prefeitura do Serra e o fato de Geraldo ter sancionado a lei estadual 10.948/01 – que pune ações discriminatórias -, quando era governador.

Marcos também apresentou suas propostas em relação aos LGBTs carentes, sugerindo a ocupação de espaços públicos, como praças, por peças teatrais e ações culturais nessas comunidades.

Maioria
Sem dúvida nenhuma Salete era a candidata com maior número de apoiadores presentes no local. Foi sincera, mas pouco objetiva em algumas respostas. Questionada como seria viável realizar seu projeto de levar braços da CADS a cada uma das subprefeituras, sem estourar o orçamento da cidade respondeu que "com uma prefeita maravilhosa como a Marta" ela conseguirá e que terá apoio.

Salete demonstrou também interesse para atuar em outras áreas que não só a LGBT. "Um vereador gay não é só pra comunidade, é pra cidade inteira. Não vou lutar só pela diversidade. Vou estar com a Marta na questão do Bilhete Único e de melhores escolas".

A drag foi ovacionada também quando afirmou ter a intenção de montar o primeiro gabinete gay do país. "Quero que todos que trabalhem comigo sejam gays, travestis, lésbicas, transexuais", declarou.

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