A expectativa está em alta para os shows de Lady Gaga no Estádio Nacional de Cingapura, que ocorrerão em maio. No entanto, a corrida por ingressos rapidamente se transformou em um caos. Com as pré-vendas já iniciadas e a venda geral marcada para amanhã, 21 de março, a questão da revenda de ingressos voltou a ser um tema polêmico, levantando dúvidas sobre o sistema de vendas de ingressos em Cingapura e se os organizadores realmente estão priorizando os fãs locais ou aqueles de outras regiões.
A venda de ingressos para os shows da artista foi estruturada em várias etapas, incluindo acesso exclusivo para portadores de Mastercard, usuários do aplicativo Klook, membros do KrisFlyer e do Live Nation. Embora essa abordagem tivesse a intenção de espaçar a demanda, também criou oportunidades para os revendedores entrarem no sistema mais cedo.
Nos minutos seguintes ao início da primeira pré-venda em 18 de março, ingressos revendidos começaram a aparecer em plataformas como Viagogo e StubHub, com ingressos VIP sendo anunciados a preços exorbitantes de S$30.000, um aumento impressionante em relação ao preço oficial de S$648 a S$1.348 para lugares premium.
Cingapura não é o único país enfrentando problemas com a prática de revenda, mas outras nações implementaram medidas proativas para evitar que revendedores prejudicassem o acesso aos ingressos. Dados do Booking.com mostraram que, após o anúncio da turnê de Lady Gaga em Cingapura, as buscas por acomodações na cidade aumentaram em até 14%. Contudo, isso nos leva a questionar: se o turismo de concertos é uma indústria tão valiosa, por que não se faz mais para garantir acesso justo aos ingressos?
No Japão, por exemplo, os ingressos para shows costumam ser distribuídos por meio de um sistema de sorteio aleatório, garantindo acesso equitativo aos fãs, em vez de beneficiar aqueles que têm a conexão de internet mais rápida ou que podem pagar pacotes de pré-venda mais caros. Além disso, os ingressos são vinculados a documentos de identidade, o que impede a revenda não autorizada. Os ingressos físicos só ficam disponíveis para retirada um ou dois dias antes do evento, minimizando a janela para os revendedores explorarem o sistema.
A abordagem de Cingapura, que depende de plataformas como Ticketmaster, que está intimamente ligada ao quase monopólio da Live Nation sobre as vendas de ingressos, permitiu um ambiente de revenda desenfreada. Embora alguns revendedores possam ser compradores oportunistas, a rapidez com que os ingressos apareceram nos mercados secundários sugere que, ou os revendedores estavam bem preparados, ou, como alguns suspeitam, algumas revendas podem até mesmo ser manipuladas por insiders para aumentar a demanda percebida.
É hora de Cingapura reconsiderar suas políticas de venda de ingressos? A resposta parece clara. Para que o país se posicione como um centro de concertos de prestígio, ele precisa implementar medidas que protejam os fãs de revendedores predatórios. A verificação obrigatória de identidade, uma plataforma de revenda regulada e um sistema anti-bot para venda de ingressos são algumas das medidas que foram bem-sucedidas em outros lugares e que poderiam ser adotadas localmente. Sem intervenções significativas, os preços dos ingressos continuarão a escalar, deixando os verdadeiros fãs de fora, enquanto revendedores e intermediários lucram exorbitantemente.
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