Mara Gabrilli, 43, é vereadora pelo PSDB em São Paulo. Publicitária, foi a mulher mais votada nas últimas eleições municipais, em 2008. Ficou tetraplégica, em 1994, ao sofrer um acidente de carro. Por vivenciar as dificuldades que os cadeirantes têm para se locomover na cidade, a vereadora ingressou na luta pela melhoria da acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida.
Fruto de seu trabalho, ela fundou a ONG "Um Próximo Passo", que hoje se chama "Fundação Mara Gabrilli". Mas a ousadia de Gabrilli não para por aí: em 2006, a vereadora fez um ensaio sensual para a revista "TPM", provando que é possível ter uma vida normal em uma cadeira de rodas.
Por conta desse grande trabalho inclusivo, conversamos com a vereadora a respeito de seu colega na Câmara Municipal, Carlos Apolinário (DEM), que tem feito severas críticas às políticas LGBT.
Ao saber das declarações do colega, Mara Gabrilli disse que "não pode ser a favor de alguém que não é a favor da diversidade". A respeito da acusação de Apolinário de que a gestão Kassab quer instituir uma "ditadura gay" e dar privilégios à comunidade LGBT, Gabrilli disse que o vereador "não enxerga a população" e que não entende que "as políticas segmentadas são necessárias".
O seu mandato é conhecido e pautado pela questão da inclusão. DEM e PSDB formam bancada aliada do governo Kassab. Frente a isso, o que acha das declarações do vereador Carlos Apolinário, que é contrário às políticas de inclusão LGBT?
Como posso ser a favor de alguém que não é a favor da diversidade? O vereador Apolinário, além de preconceituoso, está mal informado. Primeiro, porque o segmento gay é um dos que mais gasta. E tem a questão de São Paulo, que ainda não possui um turismo propriamente dito, então uma iniciativa como essa (a criação do Centro de Turismo GLS) é ótima para o desenvolvimento da cidade.
Apolinário disse que a gestão Kassab e o movimento gay querem instituir uma "ditadura gay". O que pensa sobre isso?
Isso é um absurdo, não tenho nem o que dizer. Olha, eu respeito muito a opinião de cada um, mas isso é não enxergar a população e não entender que ela é feita de várias pessoas e que muitas delas precisam de atendimento segmentado. Vou dar um exemplo: uma mulher cadeirante não tem como fazer um exame de mamografia em mamógrafo convencional, ela precisa de um especifico e isso não existe. Então não vamos lutar pelo direito dessa pessoa? Quanto mais lutarmos por políticas inclusivas, mais a cidade ficará melhor – e todos que vivem na cidade têm direitos.
O que a senhora acha da Parada Gay?
Eu acho o máximo. É o evento que mais reúne pessoas em um único dia. Veja o carnaval: é um dos eventos mais antigos e ele reúne, em média, 50 mil pessoas por dia. A Parada consegue unir milhões de pessoas em apenas um dia. Sem contar que ela mobiliza o turismo e politicamente é importante, pois ela pressiona e faz com que as pessoas reflitam. Veja o Apolinário, está se enrolando cada vez mais, e isso por conta de uma visão muito limitada de concepção de mundo e de pessoas que ele tem.