Uma carta que o psicanalista Sigmund Freud (1856-1939) escreveu à mãe de um rapaz gay em 1935, voltou a circular nos noticiários internacionais. Nela, ele afirma que a homossexualidade não é uma doença.
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O psicanalista, que defendia que toda pessoa nasce bissexual e que a orientação sexual é definida no decorrer da vida, afirmou que é uma "grande injustiça e uma crueldade perseguir a homossexualidade como crime" e citou vários homossexuais que contribuiram com a sociedade.
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A carta, que, já foi utilizada por Alfred Kinsey (1984-1956) em seu estudo sobre comportamentos sexuais e publicada em uma edição do Jornal Americano de Psiquiatria em 1951, atualmente está exposta no Museu da Sexologia, em Londres.
Confira:
"Cara Sra. [apagado],
Vejo pela sua carta que seu filho é homossexual. Estou muito impressionado com o fato de você não mencionar o termo ao fornecer informações sobre ele. Posso perguntar por que você o evita? A homossexualidade não é certamente nenhuma vantagem, mas não é nada do que se envergonhar, nenhum vício, nenhuma degradação; ela não pode ser classificada como uma doença; consideramos ser uma variação da função sexual, produzida por certa interrupção do desenvolvimento sexual.
Muitos indivíduos altamente respeitáveis de tempos antigos e modernos eram homossexuais, vários dos maiores homens entre eles. (Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci, etc). É uma grande injustiça perseguir a homossexualidade como crime – e crueldade também. Se você não acredita em mim, leia os livros de Havelock Ellis.
Ao perguntar-me se eu posso ajudar, você quer dizer, suponho, se posso abolir a homossexualidade e instaurar a normalidade da heterossexualidade em seu lugar. A resposta é que de maneira geral não podemos prometer resultado. Em determinados casos conseguimos despertar tendências heterossexuais reprimidas, que estão presentes em todos os homossexuais, mas na maioria dos casos não é mais possível. É uma questão da qualidade e da idade do indivíduo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.
O que a análise pode fazer por seu filho é uma questão diferente. Se ele é infeliz, neurótico, dilacerado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode trazer harmonia, paz de espírito, eficiência, quer ele siga homossexual ou se modifique. Se você se convencer de que ele deve fazer análise comigo – eu não espero que aconteça – ele terá de vir para Viena. Eu não tenho nenhuma intenção de sair daqui. No entanto, não esqueça de me dar a sua resposta. Atenciosamente seu com os melhores votos, Freud
P.S. Não achei difícil entender a sua letra. Espero que você não ache entender a minha escrita e o meu inglês uma tarefa mais difícil."