Ofensas homofóbicas e preconceito na fila despertam luta por justiça e respeito em Belo Horizonte
Em um episódio que expõe a dura realidade do preconceito ainda presente em nossa sociedade, um casal de mulheres enfrentou uma situação de homofobia na fila de um supermercado no bairro Nova Suíssa, região Oeste de Belo Horizonte. As vítimas, acompanhadas do filho de 7 anos, foram alvo de agressões verbais com ofensas carregadas de preconceito e discriminação, evidenciando como o respeito às relações LGBTQIA+ precisa ser urgentemente promovido e defendido em todos os espaços.
A professora Gabriela Lopes Fernandes, de 38 anos, e a motorista de aplicativo Gabriela Thaís Santos, de 29, estavam fazendo suas compras quando perceberam o desconforto de um homem e sua acompanhante ao se depararem com a família formada por elas e o filho. Segundo Gabriela Lopes, o homem fez comentários depreciativos sobre a parentalidade do casal, o que desencadeou uma série de insultos homofóbicos, incluindo termos agressivos como “sapatão”, “filha da p***” e “gosta de pagar de homem”.
Repercussão e impacto emocional
O momento de tensão foi registrado em vídeo pela companheira de Gabriela Lopes e contou com o olhar atento de outros clientes, que presenciaram a discriminação. A situação causou um impacto emocional profundo nas vítimas, especialmente pela presença do filho, e desencadeou uma crise de ansiedade em Gabriela Lopes, que afirmou nunca ter vivido algo parecido antes.
O casal está junto há cerca de dez anos e adotou o menino no início de 2025. Eles relatam terem sido, até então, bem acolhidos em seu círculo social, o que torna o episódio ainda mais chocante e doloroso.
Buscando justiça e conscientização
O caso foi registrado pela Polícia Militar e encaminhado para a 3ª Delegacia da Polícia Civil da área Sul, onde foi classificado como injúria. Até o momento, o agressor, um homem de 35 anos, não foi conduzido à delegacia, mas segundo as vítimas, ele tentou minimizar a situação após perceber que estava sendo filmado.
Gabriela Lopes declarou que não vai deixar o ocorrido passar em branco: “Vamos atrás dos nossos direitos. Isso não pode ser normalizado. Está estampado o preconceito. Não dá pra deixar passar”. A Polícia Civil de Minas Gerais reforça a importância de que vítimas de crimes de homofobia procurem uma delegacia para que as medidas legais cabíveis sejam tomadas.
Homofobia como crime no Brasil
Desde junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal reconheceu que atos de homofobia e transfobia se enquadram como crime de racismo no Brasil, equiparando-os à Lei nº 7.716/1989. Isso significa que qualquer discriminação, ofensa ou violência motivada pela orientação sexual ou identidade de gênero pode resultar em prisão de 1 a 5 anos, além de multa.
Nos casos de injúria qualificada por homofobia, quando há ofensa direta à dignidade da pessoa, a punição pode variar de 1 a 3 anos de reclusão, conforme o artigo 140 do Código Penal, com a qualificadora incluída pela Lei nº 14.532/2023.
Uma luta por respeito e segurança
Este episódio em Belo Horizonte é um triste lembrete de que a homofobia ainda é uma realidade vivida por muitos no Brasil, inclusive em espaços cotidianos como supermercados. Para a comunidade LGBTQIA+, é essencial continuar apoiando uns aos outros, denunciando atos de preconceito e fortalecendo a luta por direitos iguais.
Que esse relato inspire mais diálogo, conscientização e ações concretas para garantir que todas as famílias, independentemente de sua composição, sejam respeitadas e protegidas.