A cada 25 horas um LGBT é morto no Brasil e, nesse ínterim, os que não são mortos, são agredidos. Esse é um dado que, infelizmente, tem sido seguido a rigor pelos LGBTfóbicos. Um casal gay foi espancado com uma pá, na madrugada do último domingo, 12, em Araraquara, cidade do interior de São Paulo, após terem se abraçado em uma praça no bairro Melhado, próximo à residência de uma das vítimas. Em depoimento no 4º Distrito Policial, na terça-feira, 14, Douglas Braga, 22 anos, e Pablo Marton, 23, disseram não ter dúvidas de se tratar de mais um caso de homofobia. De acordo com as vítimas, eles estavam em uma festa, próximo à casa de Marton, no mesmo bairro onde ocorreu a agressão, motivada por causa de um abraço entre os namorados. “Quando nos abraçamos eles disseram: ‘são duas bichinhas’. Um deles deu um chute na minha costela, o outro veio por trás e chutou a cabeça do Douglas. Depois bateu na cabeça dele com uma pá”, contou Marton. Eles disseram ainda que conseguiram retornar até o local da festa para pedir ajuda e, nesse momento, Douglas desmaiou: “Quando chegamos lá o Douglas desmaiou. Deu um tumulto na frente da festa e nossos amigos foram falar com os caras que nos agrediram. Eles disseram que estavam separando uma briga nossa, mas é mentira, eles viram a gente se abraçar e começaram a bater”. Ainda segundo Marton, no mesmo dia um dos agressores voltou para fazer ameaças. “Eu moro no bairro desde sempre. Conheço os agressores de vista, mas nunca tinha tido problema com eles. Um foi na minha casa e disse para a minha mãe me dizer que era para eu botar um ponto final nessa história”. Juntos há 1 ano e 9 meses, o casal teme novas agressões. “Nunca imaginei que ia passar por isso, nem verbalmente a gente tinha sido agredido. Quero muito que a gente possa andar na rua com segurança. Só isso. Eu tenho que dar uma volta enorme para chegar na minha casa para não ter que passar perto da casa dele”, afirmou Marton. Embora a homofobia não seja considerada crime no Brasil, Filipe Brunelli, assessora de políticas LGBT de Araraquara, que está acompanhando o caso de perto, acredita que a agressão deve ser enquadrada de acordo com a Lei Estadual 10.948/2011, que prevê penalidades à prática de discriminação em razão de orientação sexual ou de gênero. “Vamos encaminhar para a defensoria pública que vai designar um advogado para acompanhar o caso junto à Polícia Civil. Depois que finalizar a investigação, segue para o Ministério Público. As pessoas tem a impressão que a nossa jurisprudência não dá em nada, mas tem que ir até o fim, tem que mostrar que existe sim uma Constituição que deve ser respeitada”, explicou.