Desde 2013, Roberto Francisco Daniel, popularmente conhecido como Padre Beto, trava uma batalha judicial contra a Igreja Católica, após ser excomungado pela doutrina, em processo realizado pela Diocese de Bauru.
Em sua decisão, a Diocese afirmou que Padre Beto contrariou os princípios da instituição ao defender temas polêmicos, como o direito de casais homoafetivos a realizarem matrimônio com as bênçãos da Igreja.
Ainda, o sacerdote acredita que a igreja precisava rever sua postura ortodoxa, contrária à união entre pessoas do mesmo sexo e que precisa de mudanças em sua estrutura.
Segundo informações do portal 1, o primeiro pedido de revisão do processo de excomunhão foi indeferido em primeira instância, e a decisão, ratificada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Dois anos depois, os advogados de defesa conseguiram entrar com um agravo para que o caso seja analisa pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Não há prazo para que isso aconteça.
“Embora o Brasil seja um país laico, onde o estado não interfere na Igreja, é preciso respeitar o exercício do direito de defesa que é previsto na Constituição. Por isso, entendemos que há um conflito de interesses nessa questão que precisa ser analisado e revisto”, explica o advogado Antônio Celso Galdino Fraga.
Após expulsão da Diocese, Padre Beto criou uma igreja própria e realizou dezenas de casamentos homossexuais, além de outros heterossexuais. Ainda, o sacerdote trabalha como professor universitário.
O padre afirma que não tem intenção de voltar para a Igreja, mas que o processo movido contra a instituição seria uma forma de “mostrar que nenhum cidadão no Brasil pode ser tratado como eu fui, mesmo sendo a Igreja, que existe uma constituição federal e deve ser respeitada”. “Não pretendo voltar porque hoje consigo amar muito mais o meu próximo do que dentro da Igreja. Foi bastante frustrante que as duas decisões anteriores (em primeira e segunda instância) não tocaram na questão principal – a forma como a excomunhão foi feita”, completou.
Em nota, a Diocese de Bauru disse que ainda não foi notificada da decisão e, portanto, não se pronunciaria sobre o assunto.