É quase um consenso, no meio homossexual, uma diferença entre gays e lésbicas no que se refere a sexo e compromisso. Enquanto os primeiros conseguem sem o menor problema ter relações sexuais casuais e separar amor de sexo, as lésbicas seriam famosas por casar logo no segundo encontro e só conseguirem se relacionar sexualmente com quem estejam apaixonadas – ou por se apaixonarem pelas garotas com quem transam. Mas será que é sempre assim? Afinal, será que lésbicas também transam sem compromisso?
Sem o menor medo de errar, acredito que a resposta seja um sonoro SIM, lésbicas transam sim sem compromisso. Mas antes é preciso fazer uma diferenciação importante: existe um universo de distância entre o sexo casual bem resolvido e o sexo casual por carência.
Podemos tomar como exemplo um símbolo da lésbica que transa casualmente: a Shane, do seriado “The L Word”. Amada pelas garotas, Shane representa em teoria a lésbica independente, bem resolvida e desapegada. Mas, no fundo, conhecendo sua história, percebemos que ela é uma garota bem carente, que tem medo de se envolver emocionalmente e sofrer com isso. Vide a relação dela com a milionária Cherie, vivida por Rosanna Arquette na primeira temporada da série, quando ao ver sua relação terminar, Shane decide que prefere não sentir a sofrer. Assim, vai buscando, em cada garota com quem transa, preencher o buraco que a carência a faz sentir.
O perigo destas relações é quando nossa carência fala mais alto e começamos a confundir tesão com amor. Quando estamos muito carentes temos necessidade de afeto, colo e atenção, não de sexo, e transar com este sentimento pode fazer com que busquemos amor onde não existe nada além de desejo.
Porém, quando estamos solteiras e bem resolvidas, o sexo casual pode ser uma excelente alternativa para extravasar a libido. Existem várias alternativas de “companhias” para uma transa casual.
Aquelas que preferem algo mais “seguro” e confortável podem procurar como amante alguma amiga, colega ou mesmo uma ex-namorada. Desde que esteja claro para ambas as partes que se trata de sexo e não de amor ou de uma tentativa de reatar a relação, transar com alguém conhecido é mais fácil por conta da confiança e cumplicidade que já existem, e também evita a ansiedade da “caça”, de ir atrás de alguém interessante só para uma noite de sexo.
Mas também existem aquelas que curtem a caça ou preferem transar casualmente com alguém quem não tenham nenhuma relação prévia. Salas de bate-papo de internet estão cheias de garotas em busca de uma transa, mesmo que virtual. A vantagem deste tipo de relação é que o risco de envolvimento emocional é quase nulo – desde que não sejamos “Shanes” buscando inconscientemente o amor nestas transas.
O importante, no sexo casual, é entender as motivações que nos fazem buscar alguém para transar. Se descobrirmos que é uma carência de afeto, e não de sexo, melhor nos preservarmos e buscarmos colo com amigos ou parentes. Mas se o nosso desejo for simplesmente sexual, então nada impede que busquemos satisfazê-lo. Porque nós lésbicas amamos e nos envolvemos sim, mas também fazemos sexo por sexo.