Falsa Loura é o mais recente longa-metragem do cineasta Carlos Reichenbach. É também o marco da estréia de Léo Áquilla como ator. Além disso é o filme mais cafona, porém divertido, da história recente do cinema nacional.
O filme é repleto de figuras. Da ex-tiazinha Suzana Alves a Luiz Henrique, o ator que interpreta a Mama Bruschetta. Cauã Reymond com lápis no olho interpretando um cantor pop no estilo Maurício Manieri, chamado Bruno de André, é impagável. Além disso quem é que pode com um Maurício Mattar interpretando um cantor chamado Luis Ronaldo?
Todos esses elementos dão a tônica de comédia à história que também é repleta de momentos dramáticos – Silmara leva alguns pés-na-bunda dos cantores famosos com quem se envolve, por exemplo.
O relacionamento familiar da Silmara, protagonista e irmã de Léo, também não é muito fácil. Seu pai é ex-presidiário, acusado de incendiar uma fábrica. Silmara vive com ele, mas este não se dá muito bem com Tê, interpretado por Léo Áquila. Em uma determinada cena o pai pergunta à filha: “E o viado do seu irmão? Já pegou a peste?”, querendo saber se seu filho estava com HIV. Nesse sentido a personagem tenta mediar a relação entre ambos.
Em alguns momentos o filme também brinca com estereótipos. A professora de dança de Silmara por exemplo é lésbica, namora uma mulher super masculina e ambas até se beijam em uma das cenas do Clube Alvorada. Aliás esse é um dos lugares onde se passam as cenas mais legais do longa. Titu, personagem do ex-chiquitito Jiddu Pinheiro, pede para que Silmara apresente sua amiga a ele. Titu é super hétero, faz o estilo mano e a amiga em questão é ninguém mais ninguém menos que Tê, montadíssimo com uma peruca Loura e um vestido azul brilhante. Ambos formam um belo casal.
Pode-se dizer que o filme é uma espécie de versão moderna da história do patinho feio. Muito do que os personagens são ou sentem estão mais dentro de si mesmos do que qualquer outra coisa. Destaque também para a atuação de Djin Sganzerla, no papel de Briduxa. Não foi a toa que a atriz levou o prêmio de melhor atriz co-adjuvante no festival de Brasília.