A Argentina foi o primeiro país da América Latina a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Neste mês, a lei, apresentada pelo Partido Socialista, completa três anos. Segundo a organização Comunidade Homossexual Argentina, sete mil cerimônias já foram realizadas nos registros civis desde então.
Com um histórico intolerante, a Argentina foi marcada por um governo extremamente preconceituoso e machista. Em 1946, o general Domingo Mercante, governador peronista da província de Buenos Aires, proibiu por decreto que eleitores votassem em candidatos homossexuais por questão de "dignidade". A lei só foi revogada na década de 80.
Assim como nos Estados Unidos, com a política "Don't ask, Don't Tell", uma emenda ao Código Militar proibia expressamente que homossexuais fossem admitidos no exército, em 1951. Se algum homossexual fosse descoberto nas Forças Armadas, seria punido com destituição e prisão. A medida só caiu em 2006.
A bandeira de "cidade gay-friendly" só chegaria com a crise econômica e política de 2001. Unindo o útil ao agradavel, o país quebrou vários paradigmas sociais, incluindo o preconceito contra a comunidade LGBT. Quem impulsou a virada foram os comerciantes que viram no público gay um excelente nicho de mercado e criaram bares, lojas, hotéis e livrarias, gerando à comunidade LGBT uma nova opção de vida e turismo.