A campanha de mudar a foto do perfil do Facebook com o filtro da bandeira trans ganhou vários adeptos nesta sexta-feira (3). O A CAPA também participa.
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A mais famosa foi ninguém menos que a apresentadora Xuxa Meneghel, que chamou atenção nesta tarde com a postagem.
Além de publicar a foto com o filtro, a apresentadora escreveu no Facebook e Instagram: "Chega de crimes no Brasil. Deus é amor, essa é a única linguagem que ele entende. CHEGA DE TRANSFOBIA".
A iniciativa da comunidade T, que promete viralizar neste fim de semana, surgiu no Brasil para dar visibilidade às pautas do grupo, falar sobre a transfobia e repudiar os números alarmantes de assassinatos, que coloca o Brasil como o país que mais mata travestis e mulheres transexuais no mundo. Somente neste ano, foram mais de 70 assassinatos motivados por transfobia.
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Outra pessoa pública postar a foto com o filtro foi Luciana Genro, que foi candidata à Presidência da República pelo PSOL. Na imagem, ela escreveu: "A transfobia mata, oprime, humilha e deslegitima a identidade de toda uma parcela da população, que merece ter seus direitos assegurados. A Argentina já possui uma lei de identidade de gênero, mas, no Brasil, as pessoas trans precisam passar por um verdadeiro calvário na Justiça para conseguir trocar seus documentos, necessitando, inclusive, de um humilhante laudo psicológico".
Páginas populares do Facebook como a Travesti Reflexiva, Cartazes e Tirinhas LGBT, também apoiam a campanha.
INFOS SOBRE A BANDEIRA
A bandeira rosa, branco e azul representa as travestis, mulheres transexuais, homens trans e outras transgeneridades. Ela foi criada por Mônica Helms em 1999, que descreveu: "Azul para meninos, rosa para meninas, branco para quem está em transição e para quem não se sente pertencente a qualquer gênero".
Luciana Genro e Jaqueline Gomes de Jesus
Para a psicóloga, professora e pesquisadora Jaqueline Gomes de Jesus, a bandeira "simboliza que não importa a direção do seu voo, ele sempre estará correto".
"A bandeira do Orgulho Trans é um símbolo importante para o fortalecimento das pessoas trans – travestis, transexuais e outras – como um grupo político que busca o atendimento a suas demandas e necessidades particulares, diferenciadas das pautas de pessoas lésbicas, bissexuais e gays no movimento LGBT", diz ela ao A CAPA.
POR QUAL MOTIVO MUDAR TAMBÉM?
A projetista Patrícia Castro, de 34 anos, uma das primeiras a mudar a foto do perfil, revela que o objetivo é mostrar "que dentro da comunidade LGBT as pessoas trans são as que mais sofrem com o preconceito e com a violência".
"Aderir à bandeira trans é dar voz ao nosso movimento, é dizer um basta às violências sofridas, sejam elas físicas ou morais, como o simples fato de ir ao banheiro". declarou.
Dois casos recentes de transfobia são lembrados pela estudante de psicologia Sofia Favero, de 21 anos, da página Travesti Reflexiva. Um envolvendo Laura Vermont, travesti que foi assassinada por espancamento e tiro, e outro Verônica Bolina, travesti que foi torturada e espancada por policiais.
"A importância de visibilizar a bandeira trans, após a morte da Laura e das agressões sofridas por Veronica – ambos os casos com o mesmo agressor: o braço do Estado, a polícia – é a de mostrar que resistimos e que nos apoiamos, que nossa luta LGBT precisa interagir, que necessitamos interseccionar", declara.
COMO FAZER?
Para quem gostou da ideia e quer participar, há duas ferramentas para mudar a foto do perfil. Clique aqui ou aqui, e ajude na visibilidade trans!