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Cinema & DVD: “Perdoar e esquecer” é sem densidade e tem trama fraca sobre saída do armário

Confuso. Indeciso.  Sem criatividade. Estas são as palavras que melhor definem "Perdoar e Esquecer", produção que reflete a saída do armário numa perspectiva inusitada: garotão decide assumir a sua homossexualidade para os pais e seu melhor amigo, e consequentemente, o amor da sua vida, platônico, diante da televisão. Isso mesmo. Num programa intitulado Perdoar e esquecer, homônimo ao filme, com direito a uma apresentadora cínica ao estilo Márcia Goldsmith.

Um fator curioso na maioria dos filmes comentados nesta coluna é a direção e o roteiro serem, em sua maioria, assinados pelo mesmo autor: Aisling Walsh é o responsável da vez. Algo ao estilo Woody Allen: comanda o processo de produção através do seu próprio roteiro. 

O título do filme lembra uma das músicas de Noel Rosa, intitulada Esquecer e perdoar: nos trechos iniciais, o eu-lírico diz que pretende perdoar alguém, mas que deseja esquecer-lhe. Situação parecida nos remete ao filme, afinal, através da edição de Chris Buckland, somos apresentados a diversos casais que participam do programa, expondo publicamente os seus problemas pessoais, geralmente perdoando e esquecendo as celeumas levantadas ao vivo para todo o país.  Não demora muito para David ir ao programa, assumir a sua condição para os familiares e para Theo, seu amigo desde a adolescência. Amigo esse que faz o papel de grande amor.

A trilha sonora traz High, sucesso do Light House Family. A música embala algumas cenas, tirando o espectador do estado de letargia, tamanha a lentidão e falta de ânimo nesta narrativa.

Se há algo interessante na trama é a quebra da fixidez dos estereótipos em relação aos homossexuais: David, num tipo físico próximo ao ideal de macho que a sociedade contempla, é o delicado da história no que tange a sentimentalidade. Já Theo, o grande amor da vida de David, casado com uma mulher, é frágil no porte físico, mas "macho" na condição social, dando conta do casamento e da mulher.

Dentro do panorama de filmes que abordam a cultura gay, Perdoar e esquecer não é um filme demasiadamente longo. O problema é que em seus 90 minutos, pouca coisa interessante acontece. Um filme que prometia algo bastante interessante, mas que perde força pelo roteiro sem densidade e edição trivial. Uma pena. Mesmo diante dos problemas apresentados, principalmente pelo final "Tarantino", passe o olho por curiosidade.

"Perdoar e Esquecer" – Nota 4 – Filme feito para televisão. Disponível no Portal Intercine Gay

*Leonardo Campos escreve quinzenalmente neste espaço sobre cinema e lançamentos em DVD. É pesquisador em cinema, literatura e cultura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor de literatura.

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