Os créditos simplórios abrem uma trama com tema nada simples: a chegada de uma criança, filha de um dos parceiros numa relação homossexual, ainda cheia de estigmas e questionamentos não resolvidos.
Na seara das personagens, o roteiro de Homo Father nos expõe à história de amor entre Robert e Gabi. O filme começa com Gabi fazendo uma série de questionamentos sobre o amor e os relacionamentos que surgem a partir de duas pessoas apaixonadas.
Robert é o personagem pacato. Mantém uma postura mais masculina, fechada, típico do estereótipo do homem ativo da relação. Gabi, por sua vez, é extrovertido e mais delicado, quase feminino. Mas é ele quem vai surpreender o parceiro ao apresentar Amelie, sua filha, fruto de uma noite de sexo casual com uma mulher há três anos.
A mãe deixa a pequena Amelie por achar que não tem condições de continuar criando a filha. Com a chegada de Amelie, as brigas começam e o casamento entra em crise. Fugindo dos padrões românticos hollywoodianos, a trama não possui a fórmula tão desejada pelo público. Os envolvidos com o projeto buscaram ser o mais realista possível. Mas esta não é a questão que faz de Homo Father um filme dispensável: a trama é arrastada, as atuações são medianas, o som e a edição não ajudam e a direção de arte é quase ausente.
No que tange à metalinguagem, há uma cena em que Robert convida Gabi para ver um filme do Almodóvar, mestre do cinema espanhol, um especialista na temática que permeia o roteiro de Homo Father.
Entre as tramas satélites do roteiro, há a secretária vadia do escritório que Robert trabalha. Ela passa boa parte do tempo chupando pirulitos, pondo dedo na boca, fazendo uma série de sinais que beiram entre o erótico e o vulgar.
O filme pode até ter sido um sucesso para os poloneses, mas no final das contas é uma trama insossa e que aproveita muito pouco do tema polêmico.
Nota: 06 – Disponível no portal Intercine Gay para download
*Leonardo Campos escreve quinzenalmente neste espaço sobre cinema e lançamentos em DVD. É pesquisador em cinema, literatura e cultura da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor de literatura.