Difícil começar esse texto pra honrar a memória de Claudia Wonder sem pensar no vazio que sua ausência deixa. Tenho um carinho e uma admiração enormes por Claudia. E é engraçado como são as coincidências nessa vida.
Conheci Claudia por suas colunas na G Magazine. Pouco antes de conhecê-la pessoalmente, em 2007, eu estava justamente pensando em escrever um texto elogiando sua inteligência e clareza. Claudia Wonder é tipo essencial, eu escrevi.
Daí, que pouco antes de fecharmos a primeira edição da revista A Capa, o Roberto Cushman me enviou em uma das primeiras missões fora da redação: fotografar Claudia Wonder para a extinta seção "Seu Espaço", que era a última página da revista.
Lembro bem daquele dia. O nosso primeiro encontro rendeu não só as fotos, como uma boa hora de conversa. Parte dele está registrado no post do link lá em cima. Cheguei em seu apartamento enquanto ela preparava um miojo para almoçar.
Naquele dia, enquanto falávamos sobre o período em que ficou presa durante a ditadura militar e ela adiantava novidades sobre o que seria seu CD FunkyDiscoFashion pude perceber que estava diante de uma pessoa única e singular.
Diversos momentos depois. Em outras entrevistas, encontros inusitados, visitas, almoços, aprendi a admirar Claudia cada vez mais. Querida por todos, engraçada, talentosa e versátil. Era uma boa pessoa. Militava de forma independente, atuava pelo bem dos outros. E como diria Caio Fernando Abreu, um exemplo de dignidade.
Atenciosa, humilde e muito preocupada com o ser humano, se queixava pouco. Batalhadora, lutou por respeito e por direitos. Era chamada de Dona Claudia pelos taxistas que a atendiam. Enfrentou estigmas e poderes. E sua morte deixa o mundo menos colorido. Sinto-me sortudo e feliz por tê-la conhecido e por ela ter passado em minha vida.
Claudia não era Wonder só no nome. Era mesmo uma pessoa maravilhosa.
