A batata de Clodovil Hernandes no Congresso Nacional está assando. Na última quinta-feira, o Superior Tribunal Federal decidiu em julgamento o chamado fim do troca-troca partidário. Os mandatos dos governantes agora passam a pertencer ao partido e não aos parlamentares.
Com a decisão do STF, os deputados que trocaram de partido após o dia 27 de março podem ser cassados e é nesse ponto que Clodovil entra. O estilista deixou há duas semanas o PTC (Partido Trabalhista Cristão) para se filiar ao PR (Partido da República). Agora, ao lado de 15 colegas, o ex-apresentador pode perder seu mandato.
A história não termina aí. Ela esquenta e muito. A decisão do STF determina que os partidos podem reivindicar, na Justiça, os mandatos dos parlamentares “infiéis”. O antigo partido de Clodovil quer de volta o mandato do deputado e afirmou que vai recorrer à Justiça Eleitoral para reavê-lo.
O PTC está disposto a tirar Clodovil da Câmara para indicar o primeiro suplente da legenda à sua vaga, o coronel reformado da Polícia Militar Paes de Lira (SP), que segue uma linha conservadora. Uma das propostas criticadas por Lira é a união civil entre homossexuais.
De acordo com o presidente do PTC, Daniel Tourinho, o recurso será apresentado na próxima terça-feira. O partido acredita que, em dez dias, o TSE vai definir se devolverá à legenda o mandato do estilista.
De acordo com matéria publicada na tarde desta sexta-feira na Folha Online o partido já havia ingressado com mandado de segurança no STF para reaver o mandato.
Sobre a possibilidade de o partido retirar seu mandato, a assessoria do deputado diz que ele está "tranqüilo". Clodovil acredita que não foi eleito pela influência da legenda, e sim por sua notoriedade. Ao trocar de partido, o estilista descartou a hipótese de devolver o mandato ao PTC. Segundo o deputado, sua eleição foi resultado da "inspiração de Deus".
O presidente do partido diz que nenhum parlamentar se elege sem a ajuda da legenda. "O deputado Enéas, quando foi eleito, conquistou mais de um milhão de votos. Com ele, cinco deputados chegaram à Câmara. Se o voto fosse dele, e não do partido, outros parlamentares não teriam entrado na Casa."
Um dos motivos que levou Clodovil a mudar de legenda, segundo assessores, foi o fato de não ter recebido apoio da legenda nos mais de sete meses de mandato. No episódio em que chamou de “feia” a deputada Cida Diogo (PT-RJ). Clodovil disse que o PTC em nenhum momento lhe ofereceu apoio jurídico.
Clodovil chegou à Câmara com 423.511 mil votos, e sua eleição foi uma das maiores da história do país. Por isso o deputado espera manter sua vaga na Câmara.