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Coluna debate livro lésbico inspirado na história de Peter Pan

"Lelê adorava ser levada, tomada, beijada, comida, arrebatada, virada de costas, de peito, lambida, fodida, desejada, em silêncio, com meias palavras, adorava provocar suspiros, gritos, gozo, delirium tremens e assim, tirando as roupas pelo caminho, pois aquele amasso durava desde Neverland e àquela altura já estavam com o prazer levado em banho-maria há quase quatro horas, se atiraram na cama, enroscadas aos beijos.”

O trecho em itálico acima faz parte do livro "Balada Para as Meninas Perdidas", o terceiro da colunista e escritora Vange Leonel. Escolhi ele para a coluna desta semana pelo fato de este ter sido o primeiro livro com uma temática homoerótica que eu li na minha vida.

Foi lançado em meados de 2003, mas eu comprei na Bienal do Livro, um ano depois. Na época eu tinha 17 anos, estava no terceiro ano do ensino médio. Estava me descobrindo gay, me sentia amparado, inspirado pelas colunas semanais da Vange na Revista da Folha. Ainda lembro do dia em que li este trecho. É minha descrição de sexo entre mulheres preferida na literatura. Fiquei excitado.

A história tem três personagens bem distintas: duas moças jovens, uma um pouco mais tímida, a outra mais atirada, mais “comedora” por assim dizer. A terceira é uma molecona de quarenta anos. O livro é levemente inspirado na história de Peter Pan, discute um pouco a questão da maturidade e do envelhecimento. Mas o foco mesmo é a relação das lésbicas entre si.

Na história tem uma balada chamada Neverland (a terra do nunca da história do menino que não quer crescer), uma balada para meninas freqüentada apenas por meninas. Na minha imaginação super fértil, eu imaginava o Neverland como se fosse uma mistura de Lôca e Atari, com o público de maioria feminina do Z Club e músicas que tocam no Grind. Viagem demais? Acredito que não, afinal essa coluna é pra discutir livros e literatura. E essa foi uma das impressões possibilitadas pelo livro.

Outra parte que me lembro é de uma personagem se masturbando, imaginando que está fazendo sexo com ninfas e figuras mitológicas. É bem lúdico. Talvez seja meio clichê dizer que este é um livro corajoso, talvez ele esteja mais para ousado. Vale muito a pena pelo fato de não termos tantos livros que retratem tão bem o mundo lésbico. Que a Vange continue sempre escrevendo, que venham mais livros sobre gays! Até a próxima coluna!

😉

Ps.: Fazendo uma rápida busca por site de livrarias e de compras na internet descobri que o livro custa em média R$ 30. Não é difícil de achar, um google básico super resolve.

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