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Com a presença de Marta Suplicy, alunos da USP realizam ato contra a homofobia; veja fotos

A Faculdade de Direito da USP, localizada no Largo São Francisco, centro histórico de São Paulo, teve seu Pátio das Arcadas ocupado nesta segunda-feira (28) por manifestantes gays. Também ganhou uma decoração nas cores do arco-íris, símbolo mundial do movimento LGBT. Sob o lema "Só há Democracia sem Homofobia", o Centro Acadêmico XI de Agosto organizou o ato que foi considerado "histórico" e "sem precedentes" por muitos que lá estiveram, entre eles alunos e ex-alunos.

Quem marcou presença foi o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), que conversou com a reportagem do site A Capa e declarou achar o ato muito importante pelo seu caráter "transformador". "Essa faculdade (USP) foi palco de momentos importantes na luta pela democracia política, mas nunca tinha aprofundado esse tema (LGBT). Essa ponte entre direito e homossexualidade precisa ser feita", disse Giannazi.

A drag queen e ativista política Salete Campari também marcou presença. Salete destacou o fato de não ter militantes gays no ato. "É muito legal ver uma galera que não é da comunidade gay agitando um ato como esse. Quando é que íamos imaginar um ato desse dentro dessa faculdade?", comemorou Salete.

Renato Simões, ex-deputado estadual e autor da lei 10.948/2001, que pune administrativamente estabelecimentos homofóbicos no estado de São Paulo, disse que é preciso aproveitar o momento para fortalecer o debate em torno da questão LGBT. "Esse ato é uma coisa muito boa e esse momento é ótimo para as pessoas se mobilizarem: estamos com nova legislatura, não temos eleições e temos novas forças no Parlamento apoiando a causa. Acredito que este ano teremos um bom debate em torno dos direitos homossexuais", declarou o ex-deputado.

Por volta das 12h, Maira Pinheiro, 20, integrante do comitê organizador, abriu a intervenção. A estudante disse que é preciso lutar "cotidianamente" contra a homofobia e fez um protesto contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Após sua fala, Maira chamou a senadora Marta Suplicy (PT-SP) para discursar.

Muito animada e aplaudida, Suplicy iniciou dizendo que era um prazer estar lá e parabenizou o C.A. XI de Agosto pela organização do ato e pelo fato de possuir 60% de mulheres em sua estrutura. A senadora destacou que "apesar de termos uma presidenta, as mulheres ainda não são maioria", e que isso revela que ainda há muito para se fazer.

A parlamentar também falou sobre o PLC 122. "Uma lei não muda coisa, mas ajuda bastante, vejam o caso da lei do racismo e da Maria da Penha", disse Suplicy, para em seguida se referir ao caso de Guilherme Rodrigues, 23, que foi vítima de agressão homofóbica na semana passada. "O caso da Peixoto Gomide mostra o que não podemos mais aceitar. Eu propus à Parada Gay de São Paulo que fôssemos todos de preto à passeata para mostrar o nosso luto e o que é a homofobia", declarou.

Gustavo Bernardes, da Coordenação Nacional de Direitos LGBT, foi ao ato representando a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. "A campanha de vocês (XI de Agosto) vem em boa hora, pois está junto com a nossa campanha ‘Faça do Brasil um Território Livre da Homofobia’", declarou Bernardes, para em seguida protestar e dizer que é uma "vergonha não reconhecerem os direitos LGBT".

Quem também fez uma importante e forte intervenção foi a pedagoga Edith Modesto, que coordena o Grupo de Pais de Homossexuais (GPH) e o Projeto Purpurina, voltado para jovens. Em sua fala, Modesto relatou que os jovens gays vivem "verdadeira tortura".

"Ainda hoje há muitos pais que quando descobrem que os seus filhos são homossexuais tiram o computador, trancam-os em casa e os trocam de escola. Isso para os jovens é uma tortura, pois o adolescente precisa de amigos, de uma turma para ter a sua identidade. Muitos deles não aguentam e tentam o suicídio e muito deles de fato se suicidam", denunciou Modesto.

Também marcaram presença na manifestação o ativista dos direitos humanos da ONG Identidade, Paulo Mariante; o presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Ideraldo Beltrame; o pastor Cristiano, da ICM Brasil; o ativista do Grupo Prisma Dário Neto; e a ativista lésbica Cris, do grupo Católicas Pelo Direito de Decidir.

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