Tudo começa em um trem. E não há nada mais melancólico do que as tragédias da vida real. Quando um homem recém chegado de outro país percebe que sua amada morreu em um vagão, ele não pode levar o corpo consigo, então o deixa ali mesmo. Ao sair na rua, o homem percebe que está sozinho em uma cidade que não conhece, sente medo por um instante, mas segue seu caminho.
Essa é só a primeira história do filme do diretor Gustavo Spolidoro (Gigante – Como o Inter Conquistou o Mundo), Ainda Orangotangos, que estréia hoje (05/09) em todo Brasil. A partir desse momento, o espectador vai se comover com contos diferentes que se cruzam e surpreendem.
A película retrata a vida urbana e o ser humano em seu principal dilema, a linha tênue entre a sanidade e a loucura. Ainda Orangotangos traz as 24 horas de um dia quente numa cidade grande, Porto Alegre. Nesse ponto há um pequeno problema, causado pela lógica do plano-seqüencia, algumas cenas ficaram grandes e monótonas e a extensão de alguns diálogos chateia e se torna desnecessária.
Não há como negar, no entanto, que Spolidoro foi corajoso. Além de investir numa técnica cheia de pré-concepções ele permite que aconteça um beijo lésbico dentro de um ônibus e assusta por demonstrar em cada cena uma loucura possível.
E seguem as histórias sem qualquer relação a não ser a proximidade física, todas adaptadas de seis contos do livro homônimo do escritor gaúcho Paulo Scott. Um menino de rua tenta ter uma vida honesta, mas não consegue e ameaça um homem de morte. Uma mulher tem um pesadelo enquanto está deitada em sua cama. Um homem e sua amante estão num apartamento e se intoxicam com perfume.
Num filme que une ficção e a realidade, o desfecho é empolgante. Uma festa de 15 anos. Alguns gritos, uma falsa bomba, uma fuga. E a história segue viagem dessa vez num carro em alta velocidade. Confira o trailler abaixo e veja as fotos do longa!
