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Com humor ultrapassado “Traficante viado” estréia no Pânico na TV

Ontem por volta das 21h30 o programa "Pânico na TV" estreou um novo quadro dentro de seu programa, o "Traficante Gay". Um programa inédito na televisão brasileira, mas já conhecido do teatro e You Tube. O tema tráfico x homossexualidade é intrigante, mas a abordagem é infeliz, chata mesmo.

O quadro era apresentado pelo grupo "Deznecessários" todas as quartas e quintas feiras no Pueblo de México (r. Ministro Jesuíno Cardoso, 104, Vila Olímpia) e, agora será veiculado pelo programa  "Pânico na TV". Há gays, lésbicas, transexuais e travestis no tráfico. Com certeza, mas a personagem ali retratada, o traficante Berola, é caricato demais: quando é o homem do morro, é o típico machista que ao invés de ter um monte de meninas aos seus pés tem garotos, que a toda hora precisam buliná-lo para deixarem o patrão calmo. Quando este resolve mostrar o seu lado "queer" é exagerado, over. Vide cena em que encontra um sutiã no carro de seu namorado, "ela" vai aos prantos e só se acalma quando compartilha uma banana com o seu parceiro. Humor cansativo e inverossímil.

Tal tipo de personagem já havia sido abordado pelos comediantes do "Hermes e Renato", da MTV, na minissérie "O Proxeneta". A personagem era a Beeshinha de Souza: gay da periferia que vivia de vender droga e que tinha relação com um dos chefes dos tráficos, que em público sempre a humilhava, entre quatro paredes era puro amor. O grande problema do "Traficante viado" e da "Beeshinha de Souza" é que sempre são exagerados, depreciativos e só assim conseguem fazer com que as pessoas se divirtam, se é que conseguem tal ato. Outra questão é que, boa parte do público deste tipo de humor é composto por heterossexuais e no imaginário deles sempre estará presente a imagem daquele gay muito afeminado e caricato, ou daquela lésbica muito máscula.

Creio que há inúmeras maneiras de se representar com mais originalidade estes mundos. No ramo da comédia Jô Soares dava um show em seu programa "Viva o Gordo" com a scatch do "Capitão gay", satirizava os personagens das histórias em quadrinhos (que todo mundo sabe: há um Q de homossexualidade) com maestria e sabia criar o riso em seus telespectadores. Outro exemplo interessante é o filme "Priscila: A rainha do deserto", comédia dramática que retrata a viagem de três drags sem cair no caricato, sempre caro a estes personagens.

A própria televisão e o cinema estão aí para mostrar que tal tipo de humor feito pelo "Traficante viado", ou "Beeshinha de Souza", são ultrapassados, pois na falta de um bom roteiro apelam para situações esdrúxulas e constrangedoras para forçar o riso, este sim uma arte que poucos conseguem com originalidade. Enfim, ainda prefiro o Christian Pior!

E se você perdeu a estréia do quadro pode conferir logo abaixo no vídeo: 

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