A pista da The Week, como em geral conhecemos, é composta por meninos bonitos e descamisados ao som de house e tribal. Mas, Preta Gil mudou tudo na última sexta-feira (9/10) com a sua Noite Preta e colocou o público, bastante heterogêneo, para dançar e cantar Ana Carolina, Art Popular e até Calcinha Preta.
O show "Noite Preta" tem percorrido o Brasil todo e tem sido sucesso de público e crítica por onde passa. A identificação do público gay com a cantora vem de algum tempo, quando ela assumiu publicamente que é bissexual e criou o bordão, já um pouco desgastado, "sou total flex, vou de álcool e gasolina", como disse durante o show.
A fofa entrou no palco por volta da 1h, ao som da música "Noite Preta", de Vange Leonel, que fez sucesso na trilha sonora da novela Vamp, no começo dos anos 90, e já mostrou que o show seria bastante animado. "Boa Noite São Paulo, vão todo mundo se foder", gritou a cantora. O público aplaudiu. Vindo dela e dentro do contexto de sua apresentação essa linguagem se torna usual, não vulgar.
A pista ficou meio morna nos primeiros 20 minutos da apresentação, mas depois Preta entendeu o ritmo e deslanchou, tirou o povo do chão. Claro, não faltou o clássico hit da Stefany, sua afilhada musical. Foi um dos momentos em que o público mais vibrou.
Preta tem um carisma com o público que é muito peculiar e conseguiu misturar gays, héteros e até senhoras, que estavam lá não por ser um clube gay, mas por ser ela. Algumas olhavam os meninos que se beijavam com um olhar atônito, mas que não chegava a representar um desconforto.
Suas falas foram super carregadas de termos genuinamente gays, como "mas a neca tem que ser odara", "meu cu" e o "vão se fuder", da abertura, várias vezes.
Durante uma música e outra, Preta falava absurdinhos do tipo "Ana Carolina já me comeu e comeu muito, viu?". O público todo aplaudia. No meio do show ela parou para agradecer ao André Almada, proprietário do clube que recebeu a noite, e disse que estava "muito feliz por estar na The Week, depois de nove meses [do inicio da turnê]".
E é por todo esse carisma que ela ostenta, que mesmo os poucos theweerks presentes curtiram até o forró mais famoso atualmente, "Você Não Vale Nada", do grupo Calcinha Preta, que ganhou palco com a participação na trilha de "Caminho das Índias".
O clube não lotou, mas a pista principal ficou confortavelmente cheia. No entanto algumas vezes a moça pedia luz no palco e ficava tudo apagado, ela brincava "André, cadê a luz? Acabou a luz?", mas não chegava a irritá-la.
Na parte final do show Preta encarnou Silvetty Montilla e convidou o público para subir no palco e dançar forró. Era gay com lésbica, lésbica com lésbica. Um fervo só e todo mundo acabou querendo participar. Ela saiu de cena 1h10min depois de entrar no palco e deixou gostinho de quero mais.