Desde que foram criados por Andy Wharol, os “15 minutos de fama” nunca foram tão levados a sério como hoje. Graças a ferramentas como a internet, diariamente surgem milhares de celebridades instantâneas. A mais nova delas é a cantora de forró Stefhany, de apenas 17 anos.
Nascida em São Paulo, mas criada no nordeste, ela pode ser considerada a “Beyoncé do Piauí”. Está apenas há um ano em carreira solo, mas seu sorriso metálico já arrasta multidões onde faz shows. Ainda assim, pode-se dizer que sua fama está sendo mesmo proporcionada é pelos quase meio milhão de acessos que o clipe caseiro de seu novo sucesso “Eu sou Stefhany” tem obtido no Youtube.
A música é inspirada no sucesso “A Thousand Miles”, interpretada por Vanessa Carton, e já originou até um remix paródia do grupo Las Bibas From Vizcaya. O que mais chama atenção, no entanto, é o refrão: “No meu Cross Fox, vou sair, pra dançar, me divertir”. Por que um Cross Fox? Em entrevista por telefone, a jovem cantora responde “É o carro da minha paixão”. Saiba agora quem é essa menina que vai botar todo o mundo “pra se apaixonar”.
Quando você começou na música?
Comecei aos oito na banda de forró da minha mãe. Nasci em São Paulo, mas voltei para o Piauí depois que papai morreu. Aprendi a cantar em casa. A minha voz é natural, nunca fiz aula de canto. Um dia minha mãe conseguiu me encaixar numa banda. Eu ganhava R$30 reais por show.
E quanto custa um show da Stefhany hoje?
(O Empresário João Neto é quem responde) Como é a primeira vez e a gente tem interesse em divulgar, te faço por R$10 mil. Eu costumo cobrar R$15 mil. Mas tem que ter o som, porque nosso ônibus é pequeno e só transporta as pessoas.
Qual seu público?
Crianças, adolescentes, velhinhos… Eu nunca quis atingir um público específico. Eu só quis cantar. Eu não sou ninguém, mas muita gente chora e corre atrás de mim. É coisa de Deus mesmo.
Falando em Deus… Qual a sua religião?
Eu sou Católica Apostólica Cristã, mas não vou à igreja, porque não tenho tempo.
Os seus CDs são gravados de forma independente ou tem alguma gravadora?
Já tive vários convites, mas minha mãe está esperando uma proposta melhor. Tenho dois CDs. O último foi lançado há três meses, tem dezessete músicas. A principal é “Vem me amar”. Como não tenho gravadora, não tem nas lojas. Só quando o dono manda fazer, sabe?! Ele pega as músicas na internet ou então com a gente. O pessoal vende por R$5 reais e o DVD de clipes a R$10.
Quem faz a produção dos shows e dos clipes?
Eu, minha mãe e minha irmã. As roupas quem faz é minha mãe: ela compra o tecido e costura. Para o clipe, contratamos um câmera. Quem me ajuda nas coreografias é meu dançarino Micael.
Quantos shows você faz?
Dois ou até três por dia, com duas horas. Já vi jornais dizerem que o público chega a 20 mil. Fiz shows em estádios, praças, bares. O lugar vareia (sic) de acordo com o contratante.
Qual a próxima cidade que vai se apresentar? Já fez show aqui no Rio?
Eu não sei, só fico sabendo na hora que tem que dar um “alô” para o público, dizendo o nome da localidade. Nunca fui ao Rio, mas seria legal. Você pode deixar o endereço com a minha mãe que ela manda meu material de divulgação por Sedex. Eu não sabia que já estava fazendo sucesso no Rio. Já tem meu CD por aí?
Dona Nety (mãe de Stefhany) – eu vou mandar [o cd] para você dar para os “pirateiros” da região, viu?
Vocês tem ônibus próprio?
Sim, mas não é como o do Calypso. Sou humilde, vim da roça. Apesar da mídia que fazem não sou milionária.
Quantas pessoas fazem parte do seu staff?
Somos vinte e quatro: eu, minha mãe, os quatro dançarinos, o empresário e a banda.
De onde surgiram os gritinhos?
Nety (mãe de Stefhany) – Foi eu que pedi pra ela falar, porque eu acho bonito. Eu mesma inventei: “Vem comigo”, “Cadê meus gatinhos”, “Pra se apaixonar” e “Leva eu”, que é o nome da banda.
De onde você tira as ideias para os clipes? Você gosta da Beyoncé, Shakira, Sandy…?
Assisto DVDs de cantoras internacionais. Eu gosto delas, mas sou fã do Amado Batista, adoro de coração. Eu me inspiro muito no jeito que minha mãe cantava, ela é a maior força que tenho.
Você se parece muito também com Joelma do Calypso…
Eu acho ela muito legal, mas não me inspiro nela.
Os clipes que você colocou na internet estão bombando…
Várias pessoas já me ligaram perguntando, mas não foi a gente que colocou. Ainda nem tive tempo de ver. Eu agradeço quem fez isso, porque está tendo uma repercussão muito boa.
Por que os clipes então?
No Brasil poucas cantoras fazem DVD só com clipe. O povo quer ouvir e ver o cantor. Fiz para o pessoal colocar no bar ou ver em casa. Não contei com ajuda profissional. Mesmo assim, a gente fez porque era melhor para divulgar as músicas.
Quem compõe pra você?
Eu, minha mãe, e minha irmã Josely. São histórias reais que acontecem com a gente.
Como chegou até a letra da musica de “Eu sou Stefhany”, a música do “Cross Fox”?
A música é do filme “As Branquelas” e também de uma novela. Quem compôs foi minha mãe. O carro da minha paixão é um Cross Fox amarelo e ela sabia disso. Eu nem queria gravar, porque estou mais romântica. Mas minha mãe disse que tinha que colocar no CD e eu obedeci. O pessoal gostou tanto que dependendo do show chego a cantar umas quatro vezes.
Mas o [carro] do clipe era preto…
É porque eu não encontrei o amarelo. O carro era emprestado de um amigo.
Em outro clipe você aparece numa praça dançando com várias meninas ao fundo. Você copiou isso de “Thriller”, de Michael Jackson?
Nunca vi esse clipe. A gente teve pouco tempo para escrever o roteiro. Fizemos sem muita idéia. A minha mãe também nunca assistiu.
Onde mora atualmente?
Tenho uma casa na minha cidade-natal, Inhuma, no Piauí, mas moro em Araripina, Pernambuco, porque é uma região central para ir para a Bahia e os outros estados onde faço shows.
Quantos irmãos você tem?
A Josely tem 16 anos e dança comigo e a Ariely tem 12 anos e é cantora.
Como é seu dia-a-dia?
Meu dia é curto: faço cabelo, manicure, experimento roupas. Quando estou em casa fico na piscina. Acordo tarde por causa dos shows. Às vezes saio e o pessoal pede autógrafo, vem para cima de mim e eu preciso de seguranças. Eu me sinto presa. Tem cidade que o pessoal ainda não me conhece e eu posso sair. Minha mãe faz tudo pra ter uma vida normal.
Como você lida com o assédio da imprensa?
Vários jornalistas me procuram, mas não posso deixar de fazer show para participar de qualquer programa de televisão e deixar de receber. Tenho contas a pagar. Só vou se for a Globo ou o SBT.
Você tem e-mail para contato?
Eu não uso muito a internet. Minha mãe não gosta, porque muita gente fala mal do meu CD.
Que mensagem você gostaria de deixar para seus fãs?
Nunca desistam dos seus sonhos, apesar das críticas. E coloquem sempre Deus na frente.