‘Afinal, quem é ele?’ É assim que se intitula uma das campanhas da candidata Marta Suplicy (PT) contra o atual prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), para o segundo turno das eleições. Se fosse só pelo seu tom político agressivo, a campanha não chocaria tanto. Afinal, é comum em disputa eleitoral o ‘cutuca daqui e dali’ dos candidatos.
Mas, desta vez, Marta foi além das picuinhas partidárias. De forma não tão sutil, tenta uma possível ‘saída de armário’ de Kassab. Em seu vídeo de campanha, o prefeito é questionado se é casado e se tem filhos.
Tal postura desagradou o próprio comitê LGBT de Marta que, em nota divulgada à imprensa esta tarde, se mostra contrário a esse tipo de campanha. Consideram a "errada e inaceitável por várias razões". Entre elas, "porque viola o direito à privacidade e à intimidade – direito humano fundamental e constitucional de todas e todos os cidadãos. Segundo, porque esse tipo de questionamento reforça o preconceito e a homofobia (a mensagem subliminar é que ser gay seria um demérito e comprometeria a capacidade de governar)."
A nota afirma ainda que "Kassab não é – ou será – mau prefeito em virtude de sua orientação sexual (qualquer que seja) ou pela forma como leva sua vida privada, mas, sim, porque é conservador, comprometido com as elites."
Segundo o comunicado, tal argumento [se é casado ou não] é moralista e preconceituoso, pois reforça a heternormatividade (que considera aceitável apenas a heterossexualidade) Ou seja, só seria aceitável como prefeito quem tivesse um tipo de família (a tradicional), desconhecendo os vários tipos de família existentes e inclusive estigmatizando as pessoas que optaram por não se casar.
Por fim, o Comitê solicita com veemência à coordenação geral da campanha de Marta que retirem do ar e do site imediatamente tais questionamentos à vida pessoal de Kassab, por serem preconceitusos .
Por não concordarem em absoluto com a linha adotada pela campanha de Marta, o Comitê LGBT suspendeu suas atividades.